Os reveses econômicos da China devem se estender no próximo ano, com surtos de vírus que põem em cheque a recente tentativa do governo de reduzir o impacto negativo do Covid Zero.

A reabertura do país será “prolongada e cara”, e o impulso de demanda reprimida será fraco porque muitas famílias já esgotaram sua poupança, de acordo com economistas do Nomura. Para Hao Hong, economista-chefe do GROW Investment Group, a produtividade é afetada pelos constantes testes em massa.

Embora o governo queira evitar um confinamento severo como o de Xangai no início do ano, um aperto de controles em algumas áreas já levou à redução da mobilidade e deixa consumidores em casa. Áreas economicamente importantes, como Guangdong, e cidades grandes como Chongqing e Pequim, sofrem um aumento rápido de casos.

A reabertura “pode ser lenta e dolorosa”, escreveram os economistas do Nomura em nota, com surtos que tornam as autoridades do país relutantes em afrouxar as restrições rapidamente. O Nomura prevê crescimento do PIB de 4,3% em 2023, abaixo da estimativa média de 4,9% em uma sondagem da Bloomberg.

Os níveis de congestionamento em Pequim e Guangzhou caíram na semana passada em relação à semana anterior. Em Chongqing, a queda foi de cerca de 28%, de acordo com uma análise da Bloomberg com base em dados da Baidu.

O impacto nos negócios também pode se intensificar. A fábrica de iPhones da Foxconn em Zhengzhou foi atingida por um surto de Covid recentemente, levando centenas de trabalhadores a fugir do complexo a pé.

Hao disse que a reabertura “gradual” causa fadiga na sociedade e testes constantes prejudicaram a produtividade.

“A maioria das pessoas está farta disso, e há casos em que as pessoas estão começando a se recusar a fazer o teste de Covid porque é muito árduo”, disse ele em entrevista à Bloomberg TV. Os testes podem ser solicitados com frequência diária, dependendo da área de risco.

O Goldman Sachs alertou na semana passada que o crescimento nos primeiros seis meses de 2023 será fraco, antes de acelerar no segundo semestre.

Pedestres passam por lojas fechadas em Pequim, China, na segunda-feira, 21 de novembro de 2022/Créditos: Bloomberg