Em um longo discurso ao Congresso americano na madrugada desta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluiu o Brasil nominalmente na lista de seus próximos potenciais alvos na guerra comercial que foi deflagrada nesta segunda-feira (3). Ao falar sobre a decisão de elevar as tarifas de importação para México e Canadá, Trump afirmou que muitos países têm usado tarifas contra produtos americanos, e citou como exemplos a União Europeia, a China e o Brasil. E disse que seu governo vai usar as mesmas armas para se proteger.

“Outros países usaram tarifas contra nós durante décadas, e agora é a nossa vez de começar a usá-las contra esses outros países”, disse. “Aquilo que qualquer país nos tributarem nós tributaremos de volta. Se eles impuserem tarifas não-monetárias, faremos tarifas não-monerárias”, afirmou Trump, durante sua fala que durou 100 minutos, o mais longo discurso presidencial ao Congresso na história moderna dos EUA, de acordo com o The American Presidency Project.

Trump disse que já fez isso com a China e com outros países. “Fomos roubados por décadas”, afirmou. “E não vamos deixar que isso aconteça mais.”

Em seu discurso, o presidente americano reafirmou que as tarifas recíprocas adicionais vão vigorar a partir de 2 de abril.

As tarifas de 25% impostas por Trump sobre o México e o Canadá, dois dos aliados mais próximos do país, e um adicional de 10% sobre as importações chinesas aprofundaram as preocupações dos investidores com a economia. O Nasdaq Composite caiu mais de 9% em relação ao seu recorde de fechamento em 16 de dezembro.

Problema fiscal

Trump elogiou o empresário bilionário Elon Musk e seu Departamento de Eficiência Governamental, que reduziu o quadro de mais de 100.000 funcionários federais, cortou bilhões de dólares em ajuda externa e fechou agências inteiras.

O presidente creditou a Musk a identificação de “centenas de bilhões de dólares em fraudes”, uma alegação que excede em muito até mesmo o que o governo alegou até agora. Musk, sentado na galeria, foi ovacionado pelos republicanos

Trump pediu ao Congresso que aprovasse um plano abrangente de US$4,5 trilhões que estenderia seus cortes de impostos de 2017, reforçaria a segurança nas fronteiras e financiaria deportações em massa.

Trump observou que seu governo já havia lançado uma repressão na fronteira, citando o total recorde de 8.300 prisões de imigrantes na fronteira entre os EUA e o México em fevereiro. Essas detenções são frequentemente usadas como um indicador para estimar as travessias ilegais.

A proposta tributária republicana exige US$2 trilhões em reduções de gastos ao longo de uma década, com possíveis cortes na educação, na saúde e em outros serviços sociais.