O mundo está à beira de uma nova era de eletricidade, com a demanda de combustíveis fósseis atingindo o pico até o final da década, o que significa que o excesso de oferta de petróleo e gás poderia impulsionar investimentos em energia verde, afirmou a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) nesta quarta-feira.
Mas a agência também sinalizou alto nível de incerteza devido aos conflitos que envolvem o Oriente Médio e a Rússia, produtores de petróleo e gás, e às eleições em 2024 em países que representam metade da demanda global de energia.
“Na segunda metade desta década, a perspectiva de maior oferta – ou até mesmo excedentes – de petróleo e gás natural, dependendo da evolução das tensões geopolíticas, nos levaria a um mundo energético muito diferente”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, em comunicado junto com o relatório anual da agência.
LEIA MAIS: Volvo, Fiat, GM, Mercedes… Cada vez mais montadoras adiam a aposentadoria dos motores a combustão
O excesso de suprimento de combustíveis fósseis provavelmente levaria a preços mais baixos e poderia permitir que os países dedicassem mais recursos à energia limpa, levando o mundo a uma “era da eletricidade”, disse Birol.
No curto prazo, há também a possibilidade de redução da oferta caso o conflito no Oriente Médio interrompa os fluxos de petróleo.
A IEA disse que tais conflitos ressaltam as tensões sobre o setor energético e a necessidade de investimentos para acelerar a transição para “tecnologias mais limpas e mais seguras”.
Segundo a IEA, um recorde de energia limpa entrou em operação globalmente no ano passado, incluindo mais de 560 gigawatts (GW) de capacidade de energia renovável. Espera-se que cerca de 2 trilhões de dólares sejam investidos em energia limpa em 2024, quase o dobro do valor investido em combustíveis fósseis.
No entanto, o crescimento da geração de energia limpa não acompanhou o ritmo do aumento da demanda global de eletricidade e essa tendência deve continuar de 2023 a 2030, o que significa que o uso de energia a carvão diminuirá mais lentamente do que o esperado anteriormente, disse a IEA.
LEIA MAIS: Petrobras tem chances reais de se tornar a 2ª maior petroleira do mundo
Levando isso em consideração, a participação de combustível fóssil na matriz energética global deverá ser de 75% em 2030, de acordo com o cenário, em comparação com os 80% atuais.
No relatório do ano passado, o mesmo cenário previa que os combustíveis fósseis representariam 73% da matriz energética em 2030.
Picos de demanda de petróleo
No cenário elaborado com base nas políticas governamentais atuais, a demanda global de petróleo atinge o pico antes de 2030, com pouco menos de 102 milhões de barris/dia (mb/d), e depois cai para os níveis de 2023, de 99 mb/d, até 2035, em grande parte devido à menor demanda do setor de transportes em meio ao aumento do uso de veículos elétricos.
O relatório também apresenta o provável impacto sobre os preços futuros do petróleo se políticas ambientais mais rígidas forem implementadas globalmente para combater as mudanças climáticas.
No cenário atual da IEA, os preços do petróleo caem de 82 dólares por barril em 2023 para 75 dólares por barril em 2050.
Isso se compara a 25 dólares por barril em 2050, caso as ações governamentais estejam alinhadas com a meta de zerar as emissões líquidas do setor de energia até lá.
(Reportagem de Susanna Twidale)
Veja também
- CBA vende participação na Alunorte para a Glencore por R$ 236,8 milhões
- BRF compra fábrica e passa a ser a primeira empresa de proteínas a produzir na China
- Argentina anuncia licitação para privatizar hidrovia Paraguai-Paraná
- Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029
- Enel prepara plano de investimentos para buscar renovação de suas concessões no Brasil