De acordo com o Departamento de Justiça, os acusados usaram uma empresa com sede em El Monte, Califórnia, para exportar tecnologias sensíveis — incluindo unidades de processamento gráfico (GPUs) — usadas em aplicações de IA, sem obter as licenças exigidas pelo governo dos EUA.
Segundo a queixa criminal, os dois indivíduos enviaram chips desenvolvidos pela Nvidia, como os aceleradores H100, base de sistemas utilizados na criação e operação de softwares de inteligência artificial. Esse tipo de chip exige autorização formal para ser vendido a determinados países.
Os acusados foram identificados como Chuan Geng e Shiwei Yang, ambos de 28 anos, residentes na Califórnia. Eles foram indiciados por violar a Lei de Reforma do Controle de Exportações e podem pegar até 20 anos de prisão.
Advogados de Geng e Yang não foram localizados para comentar. A Nvidia também não se pronunciou.
Nos últimos anos, os EUA têm apertado as restrições à exportação de semicondutores e equipamentos de fabricação de chips, em um esforço para impedir que a China avance na corrida global pela supremacia em inteligência artificial. O governo Trump estuda inclusive implementar rastreamento por geolocalização em chips de IA para reforçar a fiscalização.
Até serem substituídos por uma nova geração de produtos neste ano, os H100 da Nvidia eram considerados os chips mais potentes do mercado. Sua exportação para países considerados ameaça à segurança nacional, como a China, requer licença do Departamento de Comércio — algo que raramente é concedido.
Na denúncia, os H100 foram descritos como “os chips de GPU mais poderosos do mercado”. As autoridades acusam os réus de tentarem burlar as restrições dos EUA ao exportarem os produtos por países terceiros. O Departamento de Justiça afirma que Geng e Yang operavam uma empresa chamada ALX Solutions Inc., fundada em 2022 — pouco após o início das exigências de licença para exportação de chips avançados.
Registros de exportação e outros documentos apontam que a empresa realizou ao menos 20 remessas para empresas de transporte em Cingapura e na Malásia, sem receber pagamentos dessas entidades. Em vez disso, recebeu “diversos pagamentos” de empresas com sede em Hong Kong e na China, incluindo uma transferência de US$ 1 milhão de uma empresa chinesa em janeiro de 2024.

Esses registros mostram que, em dezembro de 2024, a ALX alegou que uma remessa de GPUs estava em conformidade com as regras dos EUA — mas nem a empresa nem os réus tinham a licença exigida para tal operação.
As autoridades também informaram que apreenderam os celulares dos acusados e encontraram provas de comunicação sobre o envio dos chips para a China via Malásia, em violação às regras americanas.
Yang também foi acusada de permanecer no país após o vencimento do visto. Geng, por sua vez, tem residência legal permanente nos EUA. Um juiz federal em Los Angeles determinou na segunda-feira a soltura de Geng sob fiança de US$ 250 mil e marcou a audiência de detenção de Yang para 12 de agosto. Nenhuma confissão foi tomada até o momento.
O Departamento de Comércio, por meio da Bureau of Industry and Security, e o FBI estão envolvidos na investigação.