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O que é inteligência artificial e principais exemplos dessa tecnologia

Descubra o que é, exemplos, além de pontos positivos e negativos sobre essas ferramentas de tecnologia.

Desde o fim de 2022, a inteligência artificial (IA) voltou a ser um assunto amplamente discutido devido à evidência do chamado ChatGPT, uma IA que interage de forma conversacional. 

Segundo o site de sua criadora, a startup OpenAI, “O formato de diálogo permite que o ChatGPT responda a perguntas de acompanhamento, admita seus erros, conteste premissas incorretas e rejeite solicitações inadequadas”.

Imagem de rawpixel/ Freepik

Mas o que é inteligência artificial

Confira abaixo o guia que o InvestNews preparou para você entender o que esse termo significa, ver alguns exemplos de inteligência artificial e conhecer seus pontos positivos e negativos.

O que é inteligência artificial 

João Gabriel Oliveira, head de tecnologia da Ideen e top voice no LinkedIn, explica que a inteligência artificial é um conceito da programação, da área da computação, que representa a capacidade de criar algoritmos para que as máquinas consigam fazer interpretação de dados e aprender, a partir dessa interpretação, a utilizar o aprendizado para resolver algumas tarefas e agir de uma maneira muito próxima a como o ser humano age, como pensa, como ele analisa, raciocina, como ele aprende e, a partir disso, a tomar decisões de uma maneira lógica. Porém, cada Inteligência Artificial possui capacidades diferentes, que serão explicadas mais abaixo.

Segundo ele, esse é um contexto da computação baseado em dois fatos: computação em nuvem de auto processamento de dados e um processamento de volume de dados gigantescos chamado Big Data, que são quem dá suporte realmente para capacidade da inteligência artificial aprender. 

Ou seja, a grosso modo, esse sistema é alimentado com um grande volume de dados, algoritmos inteligentes e computação em nuvem para analisar e compreender esses dados e a partir daí  interpretar padrões e informações para aprender de uma maneira automática, executar tarefas e até tomar decisões com uma lógica similar ao raciocínio humano.  

Tipos de inteligência artificial

Ameca, robô com inteligência artificial – Reprodução Engineered Arts/divulgação

A Inteligência Artificial possui diversas classificações.

No entanto, segundo o especialista em tecnologia, João Gabriel, ela possui 3 tipos: 

  • Inteligência artificial limitada
  • Inteligência artificial geral 
  • Superinteligência. 

Inteligência Artificial Limitada (ANI): São IAs que realizam apenas tarefas específicas dentro de um domínio limitado para as quais foram programadas.

Inteligência artificial geral, ou IA forte (AGI): Esse tipo de IA já possui compreensão geral do mundo e é capaz de executar uma ampla quantidade de tarefas intelectuais a “nível humano”, como o raciocínio e a resolução de problemas, pois é capaz de aprender e reagir a estímulos. No entanto, ainda não existe uma tecnologia desse tipo que seja totalmente desenvolvida e funcional.

Superinteligência artificial (ASI): Essa IA representa um tipo de inteligência de alto nível, algo que ainda existe somente em teoria. 

João Gabriel diz que imagina-se que a superinteligência artificial será superior à inteligência humana, capaz de tomar decisões e também de armazenar dados. 

“Pode ser que essa superinteligência seja um pouco mais abrangente e poderá também, um dia, ser um pouco superior à mente humana e até mais inteligente, executando tarefas impossíveis para os seres humanos”, supõe. 

Segundo ele, um exemplo seria fazer cálculos inimagináveis de maneira muito rápida e dar respostas muito rápidas. “Esse sistema pode apresentar um desempenho ainda maior do que o da mente humana, com uma memória melhor, melhor raciocínio e capacidade de tomar decisões”.

Diferença de IAs fortes e fracas

O especialista em tecnologia explica que as chamadas IAs fracas são inteligências com um único objetivo, que é armazenar um grande volume de dados e realizar alguma tarefa complexa, algum cálculo complexo, de uma forma muito rápida, mas que foi de acordo com a programação dela. 

Já a IA forte, ou nível humano, porque ela é capaz de resolver tarefas semelhantes às realizadas pelos seres humanos, aprende por meio de técnicas de machine learning (em português, aprendizagem de máquina), de deep learning (aprendizagem profunda), além de compreender a estímulos específicos. Esse modelo pode realmente ser aplicado a tarefas que não são executadas pela IA fraca.

Existem duas subdivisões: as máquinas cientes e as autoconscientes. 

As máquinas cientes (IAs fracas) enxergam o mundo e são capazes de compreender os estímulos recebidos para processar as informações. Já as autoconscientes (IAs fortes) têm consciência de si mesmas e do mundo ao seu redor, facilitando uma compreensão de estímulos, e reagem da mesma que os seres humanos. 

Confira abaixo algumas categorias dessas IAs:

Máquinas reativas

João Gabriel esclarece que máquinas reativas são máquinas que não dispõem de tantos recursos, não armazenam muitos dados e reagem apenas a alguns estímulos, segundo a sua própria configuração.

“Elas processam informações com base na entrada, então não podem usar experiências adquiridas anteriormente para informar as ações presentes. Essas máquinas não têm capacidade de aprender. Um exemplo clássico que a gente encontra na na internet e na literatura é o Deep Blue, da IBM, que foi um software que venceu o Garry Kasparov em um duelo de xadrez em 1997”. 

Esse foi o primeiro tipo de inteligência artificial, portanto, possui capacidades limitadas.

Memória limitada 

Já a inteligência artificial de memória limitada é capaz de armazenar uma grande quantidade de informações e dados históricos e aprender com eles, como no caso dos streamings, por exemplo, que utilizam suas escolhas anteriores para a sugestão de novos conteúdos, mas essa capacidade é limitada e não permite um aprendizado significativo.

Outro exemplo pode ser o de reconhecimento de fala: um modelo de IA pode aprender a identificar palavras e frases em diferentes idiomas e sotaques, com base em exemplos anteriores de fala humana armazenados.

Teoria da mente

As IAs dessa categoria, ainda sem aplicação prática, são capazes de entender as intenções e estados mentais de outros sistemas de Inteligência Artificial e de seres humanos, o que envolve o reconhecimento de crenças, desejos e emoções dos outros.

“Autoconsciente” 

Como citado anteriormente, essa inteligência artificial, em teoria, possui consciência do mundo e também de si mesma.

Esse tipo de máquina é capaz de agir conforme suas próprias experiências e forma de ver o mundo, mas não há exemplos de aplicação comercial disponíveis atualmente.

Exemplos de ferramentas com IA

Hoje em dia, é possível encontrar inteligência artificial em muitas ferramentas do nosso dia a dia sem que sequer percebamos. Ela pode estar presente até em investimentos, como criptomoedas e token.

Essa tecnologia não é encontrada somente em produtos mais elaborados, como o ChatGPT, mas também em itens do cotidiano, segundo João, como chatbots; câmeras de vigilância, que normalmente usam algoritmos de reconhecimento facial; TVs, que usam processamento de linguagem natural para reconhecer fala, reconhecer comandos; tecnologias de reconhecimento facial, por exemplo, iPhone, Pixel e Samsung Galaxy, que usam face ID e fazem sua segurança.

Confira abaixo alguns exemplos de ferramentas com Inteligência Artificial:

ChatGTP 

Print screen – ChatGPT

Segundo o próprio ChatGPT, ele é “um modelo de linguagem baseado na arquitetura GPT (Generative Pre-trained Transforme, em português, Transformador pré-treinado generativo),  uma inteligência artificial que utiliza machine learning para responder perguntas e gerar texto em linguagem natural, com a finalidade de conversar e interagir com usuários”.

Essa IA é alimentada com grandes quantidades de dados textuais que lhe permitem gerar respostas relevantes para uma ampla variedade de tópicos e questões. 

“Ele pode ser usado em diversas aplicações, como assistentes virtuais, chatbots, sistemas de atendimento ao cliente, entre outros”, diz a ferramenta.

A startup OpenAI, criadora do ChatGPT, tem atualizado constantemente a ferramenta, o que culminou na criação do ChatGPT-4.

Sem data de lançamento definida, segundo sua criadora, o ChatGPT-4 poderá gerar, editar e interagir com os usuários em tarefas de redação criativa e técnica, como compor músicas, escrever roteiros ou aprender o estilo de escrita de um usuário. 

Ainda sem especificações, espera-se que o ChatGPT-4 receba a melhorias na geração de texto e no desempenho geral do modelo.

“Acho que o chat GPT-4 vem com uma superinteligência, vem como um grande volume de informação, de base de dados que vai realmente aí usar todo o seu poder de processamento e de armazenamento e de dados que já foram treinados”, opina João Gabriel.

Deep Blue

Pixabay

O Deep Blue, mencionado anteriormente, foi um computador desenvolvido pela IBM conhecido por derrotar o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov em 1997.

Esse sistema foi criado especificamente para jogar xadrez e ter a capacidade de analisar milhões de possibilidades de movimentos por segundo, de avaliar a posição do tabuleiro e escolher o movimento mais vantajoso. 

Google

Pixabay

O Google, assim como outros buscadores, é um ótimo exemplo de aplicação de inteligência artificial. 

Tarefas simples como o reconhecimento de objetos e pessoas pelo Google Imagens ou as sugestões ao enviar um e-mail pelo Gmail já possuem auxílio de uma IA.

Além da própria assistente da empresa Google, a companhia investe em diversos produtos com essa tecnologia. Segundo a multinacional, ela disponibiliza “produtos e serviços de machine learning inovadores em uma plataforma confiável”.

Redes sociais

Pixabay

As redes sociais possuem um mix de inteligência artificial, já que utilizam-na com várias finalidades.

A recomendação de conteúdo, por exemplo, é feita com base no comportamento de navegação do usuário e suas preferências, além da utilização de IA para detecção de spam e conteúdo inapropriado e no suporte ao atendimento.

Assistentes pessoais: Siri e Alexa

Pixabay

Outros bons exemplos de inteligência artificial são as assistentes Siri e Alexa.

As assistentes pessoais utilizam tecnologia de processamento de linguagem natural para entender comandos e assim responder perguntas, executar tarefas e interagir com os usuários. 

A IA faz o reconhecimento de voz, processa a linguagem para poder compreendê-la e, com base em técnicas de machine learning, toma a melhor decisão sobre a resposta/ação para a tarefa que lhe foi dada.

GPS 

Pixabay

“Quando a gente liga o celular pra usar um GPS, o que vemos ali é uma inteligência traçando dados de satélite, interpretando os dados de trânsito em tempo real para conseguir sugerir uma rota melhor, menos afetada pelo trânsito. Tudo isso está envolto na inteligência artificial”, explica João Gabriel.

Utilizando a inteligência artificial e fórmulas matemáticas, o GPS reconhece padrões analisando o tráfego e informa o tempo necessário para percorrer o melhor caminho. 

Atendimento ao usuário: chatbots

Imagem de rawpixel/ Freepik

De maneira similar à das assistentes pessoais, os chatbots funcionam com base em técnicas de Processamento de linguagem natural (PLN).

Por meio dessa técnica, a IA entende a linguagem usada pelos usuários e a interpreta; com o machine learning, aprende com os dados e aprimora suas respostas; utiliza suas redes neurais, espécie de algoritmos de aprendizado, para melhorar a precisão e a eficácia do chatbot; e com o algoritmo de recomendação, fornece respostas personalizadas com base nas preferências e histórico do usuário.

Essa ferramenta é comum principalmente no e-commerce, onde uma inteligência artificial fica responsável por atender o cliente.

Criação de imagens

Print Screen/Dall-e

A inteligência artificial que cria imagens é uma tecnologia em constante desenvolvimento. 

Recentemente, surgiu o Dall-E, ferramenta também desenvolvida pela OpenAI, criadora do ChatGPT.

Ele foi criado para gerar imagens a partir de descrições de texto em linguagem, com base em um treinamento de associação de palavras e frases com imagens correspondentes, o que permite que ele produza imagens.

Reconhecimento facial 

Pixabay

Citado anteriormente, o reconhecimento facial é uma tecnologia de inteligência artificial usada em smartphones, sistemas de segurança, como controle de acesso, que permite identificar pessoas por meio de imagens digitais de seus rostos. 

Basicamente, funciona com algoritmos de detecção de rosto, extração de características e a partir delas, de análise e correspondência de padrões.

O face ID de alguns celulares é um bom exemplo dessa tecnologia.

Tradução automática

Print screen/Google tradutor

Ferramentas de tradução automática também usam inteligência artificial para converter os textos de um idioma para outro.

Elas funcionam com base em algoritmos de machine learning, que são treinados em grandes conjuntos de dados de texto em diferentes idiomas, o que permite que o sistema de tradução automática aprenda a reconhecer padrões em linguagem e faça previsões sobre a tradução de palavras e frases.

Pontos positivos e negativos da IA

João Gabriel comenta alguns dos pontos positivos da inteligência artificial e acredita que ela trouxe realmente muitos benefícios, principalmente para as empresas, mas para as pessoas também, devido à praticidade que gera no dia a dia. 

“Pensando nas corporações, a tecnologia possibilitou que diversas soluções fossem integradas a partir da automatização de processo, como classificação de itens, gestão de estoque, previsão de tendências, tornando a execução de tarefas mais simples, reduzindo custos”, conta. 

“Já em relação ao usuário comum, os benefícios são mais perceptíveis. Tem GPS, pesquisas em buscador, assistentes virtuais, assistentes pessoais, TVs. Todas essas ações são auxiliadas pela inteligência artificial e fazem parte do dia a dia”, finaliza. 

No entanto, João também pontua que a inteligência artificial possui sim seus pontos negativos e que transformou, de modo concreto, a sociedade ao longo das últimas décadas.

“A inteligência artificial traz muitos debates sobre os usos éticos, morais e sociais quanto à quantidade de informação filtrada e utilizada para executar as ações a que são direcionadas, o quanto um assistente virtual sabe sobre nós, o quanto utiliza esses dados para nos direcionar ao que a empresa quer. Essas e muitas outras perguntas geram debate que até para profissionais de tecnologia é difícil mensurar o tamanho dessa exposição”, opina. 

Outro fator possivelmente negativo que o especialista cita é que a evolução da inteligência artificial pode fazer com que algumas profissões, hoje executadas por seres humanos, passem a ser exclusivamente conduzidas por robôs, chatbots e outras ferramentas criadas por uma inteligência artificial.

João reforça que o ser humano precisa entender também que com o uso exaustivo de inteligências que façam trabalhos humanos, pode ser que, em algum momento, a evolução humana possa “travar”. 

“Por quê? Por causa da limitação. Quando você deixa de fazer alguma coisa, por exemplo, quando você deixa de treinar o seu músculo, ele começa a definhar, se ele para de ser usado, ele para realmente. Ele vai fazer o básico, simplesmente, para manter a musculatura do corpo em dia. É isso que a gente tem que entender. A inteligência artificial está aí para expandir a nossa capacidade intelectual de aprendizado e de conhecimento, e não para tirar aquilo que a gente já construiu”, defende.

Dentre os pontos negativos, podemos citar:

  • Questões de privacidade
  • Desemprego
  • Dependência tecnológica

Já entre os pontos positivos temos:

  • Eficiência 
  • Praticidade
  • Redução de erros e custos para as empresas

Robôs e inteligência artificial

Imagem de rawpixel/ Freepik

Ao contrário do que muitos pensam, robôs e inteligência artificial não são sinônimos.

Como já vimos, é possível encontrar IA em diversas ferramentas do cotidiano e não necessariamente em um robô.

Embora os robôs possam ser equipados com tecnologias de IA, nem todos os robôs são considerados sistemas de IA. 

Robôs podem simplesmente executar tarefas físicas automaticamente, enquanto as IAs concentram-se em algoritmos e sistemas capazes de realizar tarefas que, normalmente, exigiriam inteligência humana. Da mesma forma que um robô pode não ter tecnologia IA, um sistema IA pode ser implementado em um computador ou em um dispositivo móvel sem ter uma forma física, como um robô.

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