Todos os dias, cerca de US$ 1 bilhão em mercadorias atravessam o Pacífico, da China para os EUA.
Apesar das quedas de dois dígitos no valor do comércio geral durante o último semestre, alguns produtos tiveram um aumento em relação a 2024, o que desafia as tensões comerciais entre Pequim e Washington.
O resultado é que as tarifas dos EUA parecem um tanto limitadas em sua capacidade de controlar o que as empresas americanas importam.
A influência da China em setores como terras raras e produtos eletrônicos torna seus itens difíceis de serem substituídos. Pelo menos no curto prazo.
Isso pode mudar com o tempo, especialmente se Trump elevar ainda mais as tarifas, como o líder republicano tem ameaçado fazer.
“A forte posição da China nas cadeias globais de suprimento lhe dá algum poder de negociação com os importadores dos EUA no curto prazo”, escreveram os economistas da Bloomberg, Chang Shu e David Qu, que alertaram que outros países não podem substituir rapidamente a China como fornecedora dos EUA. “O realinhamento da produção levará tempo”, acrescentaram.
Poder de barganha da China
Tudo isso garante mais poder de barganha ao presidente Xi Jinping, à medida que seus negociadores comerciais querem estender uma trégua tarifária de 90 dias, que expira em novembro.
No terceiro trimestre, mais de US$ 100 bilhões em produtos chineses chegaram aos EUA, o que ajudou Pequim a manter o crescimento econômico no caminho certo para a meta anual e elevou o superávit comercial bilateral para US$ 67 bilhões.
Na terça-feira (21), Trump estimou que um próximo encontro com o colega chinês renderia um “bom acordo” sobre comércio, ao mesmo tempo em que alertava que a esperada reunião em uma cúpula na Coreia do Sul, na próxima semana, ainda poderia fracassar.
O líder dos EUA citou terras raras, fentanil e soja como as principais questões comerciais para seu lado discutir com a China.
A relação entre as duas maiores economias do mundo vai além de produtos cujo fornecimento global é dominado pela China, como ímãs para a indústria americana ou produtos para medicamentos.
Cigarros e bicicletas
Embora quase todas as 10 principais exportações para os EUA tenham caído no último trimestre em relação ao ano anterior, as remessas de cigarros eletrônicos aumentaram, de acordo com uma análise da Bloomberg sobre dados alfandegários da China.
As bicicletas elétricas também estão com forte demanda nos EUA, com empresas chinesas exportando mais de US$ 500 milhões nos três meses até setembro, um ligeiro aumento em relação ao ano anterior.
As exportações de cátodos de cobre refinado dispararam em termos de valor, e passaram de quase nada para US$ 270 milhões nos últimos três meses, enquanto os embarques de cabos elétricos subiram 87%, para US$ 405 milhões.
“Os dois lados podem reduzir a dependência um do outro, mas não pode ser reduzida a zero”, disse Zhaopeng Xing, estrategista sênior para a China no Australia & New Zealand Banking.
Rachaduras na barreira tarifária de Trump provavelmente tornam parte do comércio possível ao manter os custos baixos.