O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (19) que vê reformas estruturais beneficiando a economia de outros países e que o Brasil precisa fazer o mesmo. “Nós falamos muito sobre a taxa Selic… nós precisamos focar no fato de que precisamos reformas estruturais”, comentou.
A declaração foi feita durante o “Seminário de alto nível sobre bancos centrais: desafios passados e presentes”, na sessão “Desafios pós-pandemia: inflação alta, endividamento elevado e estabilidade financeira”, evento do BC promovido em São Paulo.
O presidente do BC ainda falou sobre as discussões sobre possibilidade de mudança da meta de inflação no Brasil. “A questão é: onde isso vai parar? A nossa meta vai ser 3%?”, questionou. Para ele, as recentes metas de inflação determinadas por diversos BCs foram boa para todos. “Precisamos continuar a mantê-las”, disse.
As falas de Campos Neto vieram depois de declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que também participou do evento. Ele afirmou que a política monetária e fiscal devem trabalhar em harmonia para garantir o desenvolvimento e a justiça social do país.
Ele acrescentou que o governo e o Banco Central (BC) estão “construindo essa relação” e que devem, juntos, remar na mesma direção. “Não podemos trabalhar em desarmonias… independente da posição ideológica”, comentou.
Quanto ao atual cenário econômico, Haddad disse que as expectativas para as taxas de inflação vêm caindo, enquanto as de crescimento vêm se elevando. “Nós temos tudo para sair à frente no próximo ciclo”, pontuou.
Ele também voltou a afirmar que a reforma tributária pode ser votada ainda neste primeiro semestre e o lançamento do plano de desenvolvimento deve ocorrer no segundo semestre, “atraindo investimentos estrangeiros para o Brasil”. Haddad afirmou que o país tem todas as condições de, em poucos meses, criar fortes possibilidades de desenvolvimento.
Contradições entre o governo e o BC
Desde o início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem insistindo que a Selic, taxa básica de juros, está em um nível muito elevado e que tem prejudicado o crescimento e desenvolvimento do país. O BC mantêm os juros em 13,75% ao ano há 6 reuniões seguidas.
Haddad também tem direcionado críticas ao patamar da Selic. Em um debate em abril no Senado, acompanhado de Roberto Campos Neto, presidente do BC, o ministro afirmou que o país terá problemas fiscais se a economia continuar desacelerando como resultado da política monetária.
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