Argumentos do Fed
Na reunião de política monetária de dois dias, que termina nesta quarta-feira (7), as autoridades do Fed podem citar a retração no Produto Interno Bruto do primeiro trimestre e quedas na confiança das empresas e dos consumidores para argumentar que os cortes nos juros podem ser necessários mais cedo ou mais tarde.
Ou podem citar dados de emprego ainda sólidos, gastos saudáveis dos consumidores e um salto esperado na inflação provocado pelas tarifas como um motivo para esperar.
Qualquer uma das opções é arriscada até que as políticas do presidente Donald Trump fiquem mais claras, o que torna provável que o Comitê Federal de Mercado Aberto deixe os juros inalterados quando anunciar sua decisão de política monetária às 15h (horário de Brasília), enquanto continua a reconhecer os limites do que pode dizer sobre o futuro.
Investidores
Investidores esperam que a taxa de juros permaneça na faixa de 4,25% a 4,50% até a reunião do Fed em 29 e 30 de julho.
“Os dados que estão chegando não são nem bons nem ruins o suficiente para forçar o Fomc a revelar suas intenções”, escreveu Steve Englander, chefe de estratégia macro para a América do Norte do Standard Chartered. “Não fazer nada e dizer menos é provavelmente uma opção bem-vinda (…) quando há tanta incerteza sobre as políticas fiscais e tarifárias e suas consequências econômicas e no mercado de ativos.”
Inflação
Assim como muitas das tarifas de importação de Trump, o impacto sobre a inflação pode não ser conhecido por meses. Somente em julho o presidente decidirá se vai impor as tarifas mais agressivas sobre produtos de dezenas de países, e as taxas finais sobre automóveis importados e outros itens também estão no ar.
Os desafios judiciais podem impedir que alguns dos decretos de Trump sejam promulgados, mesmo que ele decida prosseguir.
Enquanto isso, porém, a inflação, medida pelo índice PCE, que o Fed usa para definir sua meta de inflação de 2%, desacelerou em março para 2,3%, taxa mais baixa em cerca de meio ano.
Esse abrandamento das pressões dos preços provocou pedidos de Trump para que o Fed corte os juros, mas não conta a história completa.
As medidas de inflação subjacente, excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, permaneceram muito mais altas, acima de 2,6% em março.
Além disso, as tarifas devem aumentar a inflação à medida que o ano avança, exigindo que as autoridades do Fed avaliem se os novos aumentos de preços serão ajustes pontuais ou mais persistentes. Elas erraram em 2021, quando pensaram que a inflação iria diminuir, e não querem ser pegos de surpresa novamente.
O chair do Fed, Jerome Powell, “deixou claro que, se for preciso, ele garantirá que a inflação seja controlada antes de cortar os juros“, escreveu Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, esta semana.
Powell dará entrevista à imprensa meia hora após a divulgação do comunicado do Fed nesta quarta-feira.