Petrobras faz 1ª compra de créditos de carbono
A Petrobras (PETR4) anunciou nesta terça-feira (5) que fez sua primeira compra de créditos de carbono, em operação que marca a entrada da petroleira no mercado voluntário desses títulos, no qual planeja se tornar ativa e motivar outras companhias no Brasil, disse à Reuters o diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Mauricio Tolmasquim.
Foram comprados 175 mil créditos de carbono do Projeto Envira Amazônia, em Feijó (AC), dedicado à preservação da floresta amazônica e ao desenvolvimento de ações em prol de comunidades da região. O valor pago na transação não foi divulgado.
O volume de créditos comprados equivale a 175 mil toneladas de gases de efeito estufa evitados e à preservação de uma área de 570 hectares da floresta amazônica, detalhou o diretor.
Em seu atual plano estratégico, que está em revisão, a petroleira previa investimentos totais de até 120 milhões de dólares em aquisição de créditos entre 2023 e 2027, mas esse montante deverá aumentar, segundo Tolmasquim.
“Esse valor (de US$ 120 milhões) é o mínimo que a gente vai aplicar”, disse o diretor, sem detalhar o crescimento, adicionando que a empresa está em um novo momento em que a prioridade com a questão de clima e com a descarbonização é maior.
Com a compra de créditos de carbono, o propósito da Petrobras é complementar sua estratégia de descarbonização, que contempla várias frentes, como redução de emissões nas operações, projetos de energias renováveis, biorrefino e captura e armazenamento de carbono (CCS).
Entre as empresas que retiraram créditos do projeto Envira estão a Delta Airlines e a Japan Petroleum Exploration Company, segundo dados da certificadora Verra, que é a maior do mercado voluntário de carbono no mundo.
O projeto teve início em agosto de 2012 e protege cerca de 39 mil hectares de florestas no Estado do Acre.
A área abriga uma comunidade ribeirinha. O projeto proporcionou aos membros da comunidade serviços de saúde e dentários, formação em extensão agrícola e oportunidades de emprego, segundo relatório de monitoramento do projeto para o período 2019-2021.
Tolmasquim explicou que a petroleira decidiu não publicar os valores de compra, uma vez que irá buscar novas operações e os preços poderiam influenciar negociações.
Questionado se a Petrobras poderia olhar oportunidades na compra de Cbios – títulos emitidos por produtores de biocombustíveis e geralmente comprados por distribuidoras de combustíveis –, Tolmasquim não descartou, mas pontuou que a prioridade será adquirir créditos de base natural, gerados no Brasil e de alta qualidade, que contribuam para a conservação e recuperação dos biomas brasileiros.
“O Brasil tem caminho enorme para fazer isso, porque ao contrário de outros países do mundo, o foco do problema de emissões do Brasil é o desmatamento, geralmente em outros países é o setor energético”, afirmou Tolmasquim.
“A Petrobras entrando ali está agindo no foco principal do problema climático e do problema de emissões do Brasil.”
A entrada da Petrobras no mercado de carbono é um bom sinal, mas o valor comprado ainda é baixo para uma empresa do porte da Petrobras, disse Gustavo Pinheiro, coordenador do Instituto Clima e Sociedade (iCS), uma organização sem fins lucrativos com sede no Rio de Janeiro.
O valor gasto na transação foi provavelmente inferior a US$ 1 milhão, disse Pinheiro. “Não é nada comparado ao que eles pretendem gastar.”
Vale prevê construir ‘mega hubs’ no Oriente Médio em 2024
A Vale (VALE3) prevê iniciar em 2024 a construção de complexos industriais (“mega hubs”) com parceiros para a fabricação de produtos de minério de ferro de baixo carbono para a indústria siderúrgica, enquanto prevê iniciar as atividades no primeiro centro industrial no Oriente Médio em 2027, informou a companhia em apresentação nesta terça-feira.
A companhia vem assinando acordos com clientes, buscando soluções que reduzam as emissões da siderurgia. Os valores dos investimentos não constam da apresentação.
Três desses acordos anunciados recentemente visam a instalação desses complexos em países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã) para produzir “hot-briquetted iron” (HBI), visando suprir os mercados locais e transoceânico, com redução significativa das emissões de CO2.
Espera-se que a Vale construa e opere as plantas de concentração e briquetagem de minério de ferro nos hubs, enquanto os parceiros locais deverão promover a construção da infraestrutura logística necessária.
Já investidores e clientes devem construir e operar plantas de redução direta, além de comprar HBI para os mercados de exportação e doméstico.
A Vale reiterou ainda em apresentação que prevê atingir a produção de cerca de 15 milhões de toneladas de briquetes para uso na rota de redução direta a partir de 2027, e acima 30 milhões de toneladas a partir de 2032.
Já a produção de HBI deverá atingir cerca de 10 milhões de toneladas a partir de 2027 e aproximadamente 20 milhões de toneladas de 2032 em diante.
A companhia ainda reafirmou, na apresentação, previsão de produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023.
Relatório da CPI da Americanas fica para próxima semana
O relatório da CPI da Americanas (AMER3) deve ser votado na semana que vem, disse nesta terça-feira o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o caso de suposta fraude fiscal na varejista, deputado Carlos Chiodini (MDB-SC).
“A reunião tem uma pauta específica em que eu farei a leitura do relatório, não todas as 300 páginas e os depoimentos na íntegra, mas a introdução, os capítulos mais relevantes, importantes. A votação fica para semana que vem, após duas sessões do Plenário”, afirmou o relator a jornalistas antes da reunião do colegiado nesta terça.
Divulgado na segunda-feira, o relatório da CPI não imputa responsabilidades pela alegada fraude fiscal multibilionária, mas sugere uma série de medidas a serem consideradas pelo Congresso com o objetivo de reforçar a regulação do mercado.
Durante a CPI, a própria Americanas disse ter indícios de que uma fraude estimada pela companhia em mais de 25 bilhões de reais no resultado tenha ocorrido, e citou nominalmente alguns ex-diretores. O caso veio à tona no início deste ano.
Os diretores citados, porém, não compareceram à CPI ou permaneceram calados perante os parlamentares, alguns de porte de decisões judiciais que asseguravam tal conduta.
“Chegamos à conclusão que há indícios dessa fraude ter sido estruturada pela antiga diretoria. Porém, esse termo (diretoria) é muito amplo, uma companhia desse porte teve dezenas de diretores nesse período”, disse o relator.
“Mesmo prorrogando o prazo limite (da CPI), que seria 60 dias, não ia chegar no âmbito do Ministério Público Federal (MPF), da Polícia Federal e, posteriormente, do Judiciário, a uma conclusão nesse caso”, acrescentou.
Na segunda-feira, a Americanas e o trio de bilionários que é acionista de referência da varejista trocaram acusações com o ex-presidente-executivo Miguel Gutierrez sobre a responsabilidade da alegada fraude contábil que levou o grupo a fazer um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história.
*Com Reuters
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