Por Andrea Shalal
SÃO PAULO (Reuters) – As perspectivas de crescimento global de médio prazo são as mais fracas em décadas, mas as principais economias do G20 podem impulsionar as perspectivas de crescimento se trabalharem juntas para enfrentar as mudanças climáticas, evitar restrições comerciais e adotar princípios mundiais para a inteligência artificial (IA), afirmou o Fundo Monetário Internacional.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, pediu às principais economias do G20 que “ajam com ousadia” para reconstruir o ímpeto das políticas de reformas após anos “apagando incêndios” na esteira dos choques econômicos causados pela pandemia da Covid-19 e pela guerra na Ucrânia.
Com a expectativa de que o crescimento global chegue a 3,1% em 2024, a queda da inflação e a resiliência dos mercados de trabalho, as autoridades podem agora se concentrar na reconstrução de amortecedores fiscais contra choques futuros, aumentando as receitas domésticas, reduzindo o aumento da dívida pública e garantindo que tendências como a IA melhorem as perspectivas de crescimento, disse ela em publicação em blog nesta segunda-feira para acompanhar um relatório do FMI para o G20.
Georgieva, que se dirigirá às autoridades financeiras do G20 quando elas se reunirem em São Paulo nesta semana, disse que o baixo crescimento global afetou todos os países, mas teve implicações “particularmente preocupantes” para os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, que resistiram a sucessivos choques globais, mas continuam atrás das economias avançadas.
Ela disse que era vital que os países continuassem a trabalhar para ampliar sua base tributária, fechar brechas e melhorar a administração tributária, observando que o G20 havia solicitado ao FMI e ao Banco Mundial que lançassem uma iniciativa conjunta sobre a questão.
O relatório do FMI informou que, atualmente, espera-se que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento levem 130 anos para reduzir pela metade a diferença de renda per capita em relação às economias avançadas, em comparação aos 80 anos anteriores à crise financeira global de 2008.
O Brasil, presidente do G20 este ano, fez do fim da desigualdade e do enfrentamento das mudanças climáticas uma prioridade máxima.
Dada a recente melhora nas perspectivas de curto prazo, com um “pouso suave” agora à vista, os formuladores de políticas do G20 poderiam estabelecer “suas metas em um futuro mais equitativo, próspero, sustentável e cooperativo”, disse Georgieva.
Ela também disse que os bancos centrais devem monitorar a inflação com cuidado e evitar a flexibilização da política monetária muito cedo ou muito rápido.
O FMI disse que as perspectivas de crescimento de médio prazo permanecem mornas devido ao fraco crescimento da produtividade, envelhecimento, fragmentação e vulnerabilidades climáticas, mas ainda há oportunidades de crescimento do comércio de serviços digitais e IA, se devidamente aproveitadas.
O relatório afirma que os líderes do G20 devem intensificar os esforços para explorar o potencial de crescimento da África e permitir maiores investimentos em educação, saúde e igualdade de gênero, além de garantir maior coordenação na reestruturação da dívida dos países incapazes de fazer pagamentos.
A cooperação do G20, inclusive por meio da precificação do carbono, redução dos subsídios à energia e mecanismos de ajuste de carbono nas fronteiras, também poderia ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e facilitar a transição para a energia verde, disse o FMI.
Ele pediu que os países trabalhem juntos para garantir o uso responsável da IA, inclusive por meio da atualização das estruturas regulatórias nacionais e da harmonização dos princípios globais para seu uso.
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