João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, teria discutido com uma caixa do supermercado, que chamou a segurança da loja.
Um vídeo do momento do espancamento mostra Freitas sendo agredido por dois homens, identificados como Magno Braz Borges, segurança do Carrefour Passo D’Areia, e Giovani Gaspar da Silva, policial militar temporário. De acordo com testemunhas, Silva estaria fazendo compras quando participou do espancamento.
No vídeo, Freitas aparece sendo agarrado por um dos homens enquanto o outro dá socos em sua cabeça. Depois, um dos homens coloca o joelho nas costas do homem enquanto o outro continua batendo. Uma mulher, identificada depois como também funcionária do Carrefour, de acordo com a mídia local, filma a agressão de perto.
A polícia foi chamada depois que Freitas já estava imóvel. Uma ambulância também foi chamada, mas o homem agredido já estava morto.
Os dois agressores foram presos em flagrante e autuados por homicídio triplamente qualificado.
Em nota, a Brigada Militar –como é chamada a Polícia Militar do Rio Grande do Sul– informou que Silva não é policial efetivo, não estava em serviço policial e tem atribuições restritas a atividades administrativas e videomonitoramento. Segundo a BM, a conduta de Silva fora do horário de trabalho será “avaliada com todos os rigores da lei”.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ao lado da chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr, afirmou que as imagens causam indignação e que todas as circunstâncias estão sendo apuradas para que os responsáveis sejam punidos.
“Todo o esforço do Estado estará na apuração para que os responsáveis por esse crime enfrentem a Justiça, tendo a sua oportunidade de defesa. Mas as cenas são incontestes de que houve excessos que deverão ser apurados”, disse o governador.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Mohr afirmou que será aberto um Processo Administrativo Disciplinar e que o PM temporário deve ser expulso da corporação, além de responder a processo criminal na Justiça.
“Como é temporário, pode ser demitido a qualquer momento, apesar de ter a ampla defesa. O crime em si já nos habilita para tomar as medidas de exclusão”, disse o coronel.
Mohr disse ainda que Freitas já estava fora do supermercado e a situação estava sob controle e não havia razão sequer para imobilização, muito menos para agressão.
Em nota divulgada através de suas redes sociais, o Carrefour Brasil afirmou que “lamenta profundamente” e classificou a morte como “brutal”.
“Iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente”, diz o texto. “Estamos profundamente consternados com tudo o que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo o suporte para as autoridades locais”, afirmou a empresa em comunicado.
Além disso, o Carrefour afirmou que vai fechar a unidade em respeito ao homem morto e entrar em contato com sua família. A companhia também informou que vai cancelar o contrato com a empresa responsável pela segurança e que o funcionário responsável pela loja no momento do espancamento será demitido.
Em meados de agosto, um homem passou mal e morreu em uma loja do Carrefour Brasil em Recife, e o corpo foi coberto com guarda-sóis e separado do movimento de clientes por meio de caixas e barreiras improvisadas, enquanto o estabelecimento seguiu funcionando, de acordo com relatos e imagens publicados em redes sociais. Na ocasião, a empresa afirmou que a forma como tratou da ocorrência foi inadequada e pediu desculpas.
Nesse caso, o Carrefour disse que mudou orientações aos funcionários para incluir a obrigatoriedade de fechamento da loja. [nL1N2FL12S]
Em 2018, um segurança de uma das lojas da empresa no Estado de São Paulo matou um cachorro de rua que circundava o estabelecimento após golpear o animal com uma barra metálica, num caso que causou revolta em redes sociais e de organizações de defesa dos animais.