O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse nesta terça-feira (12) ser natural imaginar que o “estímulo extraordinário” que o Banco Central está concedendo à economia via política monetária será retirado de cena em algum momento.
“A gente sabe que a taxa estrutural da economia brasileira não é 2%, não é a taxa de juros com que a gente vai conviver em situações normais”, afirmou Serra em live, acrescentando que esse patamar foi necessário para fazer frente ao cenário atípico gerado pela pandemia.
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“É natural imaginar que esse estímulo extraordinário vai sair de cena em algum momento”, disse o diretor. “Esse é um debate que vai acontecer no devido tempo ao longo dos próximos bimestres. Esse debate já está ocorrendo no mercado e é natural que ele ocorra do nosso lado também.”
Serra também ressaltou que, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) retirar da sua comunicação o forward guidance (orientação futura) – por meio do qual tem se comprometido a não subir os juros se mantidas algumas condições -, a política monetária voltará a funcionar como antes, seguindo o balanço de riscos e as projeções macroeconômicas.
O diretor frisou que não há relação mecânica entre a retirada do forward guidance e a elevação dos juros, mas que tampouco há impedimento para que seja dado início a um novo ciclo de alta de juros assim que a orientação futura saia de cena.
“Não é mecânico para nenhum dos lados”, disse Serra.
O diretor disse ainda não ser simples avaliar que o choque da pandemia visto entre abril e maio será reprisado agora e avaliou que o recrudescimento da Covid-19 ocorre mais em função de aumento da mobilidade social, mas com diferente impacto sobre a atividade econômica.