A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que as taxas de juros podem ter que subir para níveis que restrinjam a expansão econômica de forma a reduzir a inflação, que está cinco vezes acima da meta oficial.
Lagarde afirmou nesta sexta-feira (18) que o “risco de recessão” aumentou, mas que uma desaceleração da atividade econômica por si só não será suficiente para domar os preços em alta. Já à frente do aperto monetário mais agressivo de sua história, o BCE deve subir os juros para 2% ou mais no próximo mês em relação à taxa básica atual de 1,5%.
“Esperamos aumentar ainda mais as taxas – e retirar a acomodação pode não ser suficiente”, disse Lagarde em discurso em Frankfurt. “Em última análise, subiremos as taxas para níveis que tragam a inflação de volta à nossa meta de médio prazo em tempo hábil.”
Autoridades do BCE argumentam que os juros precisam continuar subindo para frear a inflação mais rápida desde que o euro foi introduzido há mais de duas décadas. Mas depois de altas consecutivas de 0,75 ponto percentual, a disposição em elevar as taxas nessas proporções começa a diminuir, especialmente porque as previsões indicam uma recessão para os 19 países da zona do euro no inverno europeu.
De fato, discussões iniciais sugerem que um aumento de meio ponto pode ser mais provável na decisão de 15 de dezembro, desde que o relatório de inflação deste mês não surpreenda com um avanço acima do esperado, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
A inflação na região do euro, que atingiu 10,6% em outubro, provavelmente permanecerá “elevada” por meses, disse nesta semana o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos. Na mesma linha de Lagarde, De Guindos afirmou que o cenário econômico fraco, sob o peso da guerra da Rússia na Ucrânia e a subsequente crise de energia, não reduzirá os preços por si só.
“A inflação na zona do euro está muito alta”, disse Lagarde. “A experiência histórica sugere que é improvável que uma recessão reduza significativamente a inflação, pelo menos no curto prazo.”
O BCE pode começar a reduzir seu balanço no próximo ano. Lagarde reafirmou que os princípios-chave aplicados no chamado aperto quantitativo serão definidos em dezembro.
“É apropriado que o balanço seja normalizado de forma medida e previsível”, disse Lagarde.
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