Com Hassett, Trump teria um aliado próximo, alguém que o presidente conhece bem e em quem confia, instalado na autoridade monetária independente, disseram as fontes sob condição de anonimato. Hassett é visto como alguém que traria ao Fed a abordagem do presidente em relação à redução das taxas de juros — algo que Trump há muito tempo deseja controlar, afirmaram algumas dessas pessoas.
Ainda assim, Trump é conhecido por tomar decisões surpreendentes de pessoal e política, o que significa que uma nomeação não é definitiva até ser tornada pública, disseram.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou em comunicado que “ninguém realmente sabe o que o presidente Trump fará até que ele o faça”, acrescentando que as pessoas fiquem atentas.
As escolhas para presidente e diretores do Fed são historicamente as formas mais diretas de um presidente influenciar o banco central. Trump nomeou o atual presidente, Jerome Powell, durante seu primeiro mandato, mas se arrependeu da decisão quando Powell não reduziu as taxas de juros na velocidade que Trump desejava.
Kevin Hassett
Hassett é visto como alinhado à visão de Trump sobre a economia, incluindo a necessidade de reduzir as taxas de juros. Ele disse à Fox News em 20 de novembro que estaria “cortando as taxas agora” se fosse o presidente do Fed, porque “os dados sugerem que deveríamos”. Hassett também criticou o banco central por ter perdido o controle da inflação após a pandemia.
O Fed tem sido repetidamente alvo das críticas de Trump, que acusou Powell de ser “lento demais” para reduzir os juros e chegou a cogitar publicamente demiti-lo. O presidente também atacou reformas no campus do banco central, e a Casa Branca está atualmente envolvida em litígio sobre a tentativa de Trump de demitir uma dirigente do Fed, Lisa Cook.
Isso colocou pressão sobre o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que lidera o processo de seleção do próximo presidente do Fed, para equilibrar cuidadosamente candidatos favoráveis à redução dos custos de empréstimo e que tenham a confiança tanto do presidente quanto dos mercados financeiros.
Depois de uma pausa na maior parte de 2025, o Fed começou a reduzir as taxas de juros neste outono, cortando sua taxa básica em 25 pontos-base em setembro e outubro. No entanto, os dirigentes estão cada vez mais divididos quanto às perspectivas para a inflação e o mercado de trabalho, o que torna provável que um novo corte em dezembro seja uma decisão apertada.
Bessent disse à CNBC na terça-feira (25) que há uma boa chance de Trump anunciar sua escolha para o presidente do Fed dentro de um mês, antes do feriado de Natal em 25 de dezembro.
O próprio Trump sugeriu que está próximo de fazer uma decisão. Em 18 de novembro, ele declarou: “Acho que já sei minha escolha”, sem revelar o nome. Em setembro, Trump afirmou que Hassett, o ex-dirigente do Fed Kevin Warsh e Christopher Waller, dirigente do banco central dos EUA, eram os três principais candidatos.
Desde o verão, Bessent tem conduzido o processo de seleção para substituir Powell, entrevistando quase doze candidatos, agora reduzidos a cinco finalistas: Hassett, Warsh, Waller, a vice-presidente de supervisão do Fed, Michelle Bowman, e Rick Rieder, da BlackRock.
Bessent disse que as entrevistas com esses candidatos terminarão esta semana. Um grupo menor de finalistas se reunirá em breve com a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, e o vice-presidente JD Vance.
A preferência por Hassett surge enquanto Trump se mostra cada vez mais frustrado com Powell. Na semana passada, Trump chamou o presidente do Fed de “grosseiramente incompetente”, dizendo que adoraria demiti-lo se não fosse por pessoas como Bessent pedindo que ele esperasse. Em tom de brincadeira, Trump acrescentou que, se Bessent não ajudar a garantir taxas de juros mais baixas, também o demitiria do Tesouro.
Apesar da piada, Bessent continua em boa posição com Trump, que afirmou repetidamente considerá-lo um possível candidato à presidência do Fed. Bessent diz gostar de seu cargo no Tesouro e não desejar comandar o banco central.
O próximo presidente provavelmente será nomeado para um mandato de 14 anos como dirigente do Fed, que se inicia em 1º de fevereiro.
O mandato que expira nessa data é o de Stephen Miran, atualmente em licença não remunerada do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca. O mandato de Powell como presidente do banco central termina em maio de 2026, embora ele possa permanecer no conselho por mais dois anos como dirigente.
Powell não declarou se pretende deixar o conselho quando seu mandato como presidente expirar. Caso o faça, isso daria ao governo outra vaga a preencher no próximo ano.