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Economia

Líder da oposição na Venezuela diz ter prova de fraude eleitoral; países pedem transparência

Segundo María Corina Machado, os números mostram uma vitória categórica e “irreversível”: 6,2 milhões de votos para González, contra 2,8 milhões para Maduro

A oposição da Venezuela pode provar que Edmundo González venceu a eleição de domingo (28), de acordo com María Corina Machado, que liderou a campanha contra o presidente Nicolás Maduro.

Ela disse a apoiadores na sede da campanha de seu partido na noite de segunda-feira (30) que a oposição tem registros de urnas suficientes para provar que venceu a eleição, com acesso a mais de 70% deles. Os números mostram uma vitória categórica e “irreversível”: 6,2 milhões de votos para González, contra 2,8 milhões para Maduro.

“Efetivamente, o que aconteceu foi que o regime dormiu muito preocupado e nós não dormimos”, disse Machado a uma multidão animada. “Estávamos muito ocupados e é por isso que temos o que temos aqui hoje.”

Milhares de venezuelanos foram às ruas de Caracas para protestar contra o que eles dizem ser uma vitória fraudulenta de Maduro. González, que estava ao lado de Machado, disse que, embora entenda a indignação das pessoas, é preciso calma. A vontade do povo, que foi expressa na votação de domingo, será respeitada, disse ele. 

“A Venezuela quer paz e reconhecimento da vontade e expressão do povo”, disse González. “É por isso que é essencial que as autoridades respeitem essa vontade que expressamos nas urnas.”

Machado também convocou “assembleias de cidadãos” para esta terça-feira (30), pedindo que famílias e crianças participassem.

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Foi a primeira declaração pública de Machado depois que o procurador-geral do país a citou como suspeita de uma suposta conspiração para sabotar a eleição. As acusações contra Machado marcam um endurecimento de uma campanha agressiva para reprimir o movimento que ela criou, mesmo depois que o regime a proibiu de concorrer a cargos públicos.

O procurador-geral Tarek William Saab não chegou a anunciar um mandado de prisão de Machado na segunda-feira, mas isso seria um próximo passo previsível na cartilha do governo de Maduro, como aconteceu com Juan Guaidó, o parlamentar que em 2019 foi reconhecido internacionalmente como presidente interino após a reeleição ilegítima de Maduro no ano anterior. Guaidó agora vive exilado em Miami.

Não está claro quais são as opções de Machado. Nos últimos meses, mais de 100 assessores e aliados seus e de González foram presos. O governo também confiscou seu passaporte.

Internacionalmente, o impasse corre o risco de isolar ainda mais a Venezuela. Uma ligação entre os presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva foi marcada para a tarde desta terça-feira para discutir os últimos acontecimentos. O Peru disse que estava expulsando os diplomatas da Venezuela em Lima, uma resposta à decisão de Maduro de ordenar a partida de enviados de sete países, incluindo o Peru e o vizinho Panamá.

Com EUA, Brasil e vários outros países latino-americanos pedindo transparência na contagem dos votos, uma maior repressão à oposição não pegaria bem para o regime, que precisa desesperadamente de reconhecimento internacional e alívio de sanções para impulsionar uma recuperação econômica.

Alfonso Linares, um estudante de 24 anos, estava com uma multidão na capital venezuelana que recuava depois que as forças de segurança dispersaram um protesto usando gás lacrimogêneo. Ele disse que ninguém chamou ele ou qualquer uma das pessoas que estava lá para protestar, mas que eles queriam uma mudança.

“Eles nos impediram de seguir em frente, mas ainda estamos lutando”, disse Linares. “Vamos nos proteger, mas não estamos abandonando isso. Estamos apenas voltando para repensar outras maneiras.”

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