Com 92% das urnas apuradas, o partido La Libertad Avanza recebeu 41% dos votos em todo o país, segundo dados divulgados pelo ministro do Interior, Guillermo Francos. A legenda liderou a votação na maioria das províncias argentinas.
Francos afirmou que o partido de Milei conquistou 64 das 127 cadeiras em disputa na Câmara dos Deputados. O resultado deve garantir à legenda cerca de um terço das cadeiras, o suficiente para proteger vetos presidenciais que vinham sendo derrubados pela oposição em votações recentes para aprovar projetos de aumento de gastos.
A vitória acontece após uma derrota expressiva em setembro, quando o partido de Milei perdeu para a oposição peronista nas eleições locais da província de Buenos Aires — um revés que provocou uma forte desvalorização do peso e temores entre investidores sobre a sustentação política do governo. A turbulência levou a administração Trump a oferecer uma ajuda financeira emergencial à Argentina, numa tentativa de estabilizar tanto a moeda quanto o governo.
Os mercados devem reagir positivamente nesta segunda-feira (27) com o fim da incerteza eleitoral e a expectativa de avanço das reformas econômicas prometidas por Milei — como cortes de impostos, flexibilização trabalhista e revisão do sistema previdenciário. Os títulos da dívida argentina, que haviam sido os que mais subiram entre os emergentes no ano anterior, sofreram forte correção após a derrota de setembro e o anúncio do pacote de ajuda dos EUA.
O peso argentino negociado em exchanges de criptoativos se fortaleceu após a confirmação do resultado, subindo para cerca de 1.390 pesos por dólar, segundo dados da corretora Lemon.

“Foi um desempenho muito forte e conclusivo do partido LLA de Milei”, disse Alberto Ramos, diretor e chefe de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs. “Isso deve dar ao governo uma nova dose de legitimidade e capital político que, se bem utilizado, pode fortalecer a governabilidade. Também sinaliza a continuidade do forte apoio financeiro dos EUA.”
O bloco principal do partido peronista recebeu 24,5% dos votos, bem abaixo do resultado obtido no mês anterior. Mesmo somando suas variantes regionais, o peronismo alcançou cerca de 32% dos votos, de acordo com levantamento do jornal Clarín. A coligação Fuerza Patria concorreu em apenas 14 das 24 províncias do país.
Apoio dos EUA
A vitória de Milei também reforça o apoio extraordinário oferecido pelos Estados Unidos. Pouco antes da eleição, o governo americano assinou com a Argentina uma linha de swap cambial de US$ 20 bilhões para sustentar o peso, que acumula queda superior a 30% no ano.
Além disso, os EUA compraram pesos diretamente nas semanas que antecederam a votação e estão coordenando novo apoio financeiro com bancos de Wall Street. O presidente Donald Trump recebeu Milei na Casa Branca duas semanas atrás, e o argentino se consolidou como um dos principais aliados internacionais do líder americano.
O suporte de Washington soma-se ao programa de US$ 20 bilhões com o FMI, firmado em abril.
A vitória eleitoral também pode marcar uma virada política para Milei, que enfrentou três escândalos de corrupção neste ano, além de uma economia enfraquecida e desemprego alto, fatores que haviam derrubado sua popularidade ao menor nível desde o início do mandato.
