Os atrasos contínuos do Brasil na distribuição de uma vacina contra o coronavírus irão aumentar os riscos negativos para a recuperação econômica projetada para este ano, afirmou nesta quarta-feira a principal analista para o Brasil da agência de classificação de risco Moody’s.
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O governo brasileiro está sob pressão em meio ao ritmo lento do lançamento de vacinas no país. A imunização ainda não foi iniciada no maior país da América Latina, e a agência reguladora de saúde Anvisa ainda não aprovou nenhuma vacina para uso.
Em uma entrevista à imprensa virtual abordando as perspectivas econômicas do Brasil, Samar Maziad disse que a vacinação em todo o país limitará o escopo de medidas adicionais de distanciamento social e fechamento de negócios, apoiando assim a economia.
“À medida que vemos atrasos, isso aumentará o risco negativo para a recuperação”, disse Maziad.
A Moody’s espera que a economia do Brasil cresça 3,3% este ano, após uma contração esperada de 5,7% em 2020, com a maior parte da recuperação atribuída à base fraca de comparação e não a um processo autossustentável de retomada.
Maziad disse ainda que o fim do auxílio emergencial pago a milhões de famílias no ano passado, no valor de quase R$ 300 bilhões, um dos programas de transferência de renda mais generosos do mundo como proporção do tamanho economia, pode desacelerar a recuperação e talvez fomentar a agitação social.
“A retirada da ajuda representa algum risco para a agitação social … e, com o alto desemprego, há alguns riscos (para a economia). Mas não um risco elevado”, disse ela. “Os (principais) riscos continuam do lado fiscal.”
Maziad disse que o abandono do teto de gastos do governo, principal âncora fiscal do país, teria implicações negativas para o perfil de crédito soberano do Brasil.
Os gastos para combater a crise no ano passado abriram um buraco recorde nas finanças públicas, ameaçando a regra que limita o crescimento dos gastos à taxa de inflação. Muitos analistas dizem que uma violação em algum momento do futuro próximo é altamente provável.
A Moody’s tem um rating de Ba2 para o crédito soberano do Brasil, abaixo do chamado grau de investimento, com perspectiva estável.