O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, participou da COP27 no Egito nesta quarta-feira (16), e prometeu envolver novamente o Brasil no combate à crise climática, além de oferecer sediar negociações climáticas da ONU no futuro. “Quero dizer que o Brasil está de volta”, disse Lula, na cúpula internacional do clima no balneário de Sharm el-Sheikh.
Lula venceu a eleição presidencial no mês passado contra o atual presidente Jair Bolsonaro, que registrou em seu governo o maior período de destruição acumulada da floresta amazônica, além de ter se recusado a sediar a conferência climática de 2019, originalmente programada para o Brasil.
Lula, o ex-presidente que toma posse para seu terceiro mandato em janeiro, disse aos delegados que irá tentar fazer com que o Brasil receba a COP30 em 2025, e que tentará levar a conferência para uma sede na Amazônia.
A Amazônia, maior floresta tropical do planeta, com mais de 6 milhões de quilômetros quadrados, absorve vastas quantidades de gases do efeito estufa, que, se liberados na atmosfera, podem explodir as metas climáticas globais.
“Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida“, disse Lula, explicando que quer que as pessoas vejam a região. “Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030.”
Entre o público no salão lotado estavam duas ex-ministras brasileiras do Meio Ambiente, parlamentares, governadores estaduais, ativistas e membros de comunidades indígenas.
Lula enfatizou que as mudanças climáticas só podem ser abordadas lado a lado com a justiça social. O petista também criticou os líderes mundiais por não priorizarem as mudanças climáticas, dizendo que eles ignoram alertas sobre a difícil condição do planeta enquanto gastam trilhões de dólares em guerras.
“O planeta a todo momento nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobreviver”, disse Lula. “No entanto, ignoramos esses alertas. Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer.”
Lula acrescentou que estava pedindo que os países ricos cumpram suas promessas do passado, de oferecer US$ 100 bilhões ao ano para ajudar países pobres a se adaptarem às mudanças climáticas e reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa.
A ECO92, no Rio de Janeiro em 1992, estabeleceu o cenário para todos os grandes acordos internacionais ambientais desde então, com a assinatura da Convenção Quadro de Mudanças Climáticas da ONU, com o objetivo de prevenir mudanças climáticas extremas, e marcou a fundação das reuniões hoje chamadas de COP.
Para seu novo governo, o petista promete um plano amplo para restaurar a fiscalização ambiental, além da criação de empregos novos no setor ambiental.
Na terça, Lula se reuniu com o enviado especial do Clima dos EUA, John Kerry, e com o negociador chefe chinês na área, Xie Zhenhua. Ele deveria se reunir ainda com o chefe de políticas climáticas da UE, Frans Timmermans.
Na quinta, Lula se encontrará com grupos indígenas e da sociedade civil, assim como o secretário-geral da ONU, António Guterres. Ele parte na sexta-feira para Portugal, onde irá se reunir com autoridades locais.
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