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Economia

Novas despesas sem contrapartidas podem impactar política monetária, diz BC

Declaração é do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; ele disse ainda que entende ansiedade com inflação, mas política monetária mira longo prazo.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 09/01/2020. REUTERS/Adriano Machado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta terça-feira (9) que o país não tem espaço fiscal para adotar medidas adicionais de estímulo sem uma compensação que evite um aumento das despesas e alertou que um movimento nesse sentido poderia afetar a política monetária.

“Se você fizer outro pacote fiscal sem contrapartida, a mensagem que vai passar é que a trajetória da dívida vai continuar aumentando, (assim como) o prêmio de risco que os investidores vão pedir para segurar a dívida do Brasil”, disse Campos Neto ao participar de evento virtual do Observatory Group. “Pode ter uma implicação para o tipo de política monetária que o Banco Central pode fazer”, acrescentou.

Ele reforçou o argumento de que um aumento de gastos feito com a intenção de promover a atividade da economia pode acabar tendo um efeito contracionista.

“Precisamos ser sérios sobre nossa narrativa de como vai ser feita a convergência fiscal”, disse Campos Neto.

Inflação

Campos Neto disse também nesta terça-feira entender a ansiedade do mercado com dados recentes de inflação, mas frisou que a política monetária precisa mirar o longo prazo e que muitos componentes da inflação são temporários.

“Entendemos que há muito barulho no curto prazo, temos dito que achamos que muitos componentes da inflação são temporários, reconhecemos que a inflação se espalhou mais do que esperávamos, os números do núcleo estão mais altos do que nós esperávamos”, disse.

“Entendo que há muito ansiedade no mercado olhando para os dados de tempo real, mas nós precisamos fazer política monetária um pouco mais no longo prazo”, acrescentou Campos Neto, ressaltando que há um “gap” entre uma decisão do BC e seu impacto sobre a inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – referência para o regime de metas de inflação perseguido pelo BC – teve em janeiro alta de 0,25%, depois de subir 1,35% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) nesta manhã.

O resultado ficou abaixo da expectativa mostrada em pesquisa da Reuters, de alta de 0,31% em janeiro sobre dezembro. Mas, em 12 meses, a inflação foi a 4,56%, acima dos 4,52% observados nos 12 meses imediatamente anteriores – período que corresponde ao ano cheio de 2020, quando a inflação ficou acima do centro da meta buscando pelo BC (4%).

Campos Neto disse que o BC ainda tem muitos dados de inflação e atividade para avaliar antes da sua próxima reunião do Comitê de Política Monetária, que acontece em 16 e 17 de março.

“Tentar entender a inflação por dentro, tentar entender o que é inflação estrutural e o que não é estrutural, olhar para os componentes, como está se disseminando na cadeia, isso são as coisas que vamos discutir na nossa reunião”, disse.

Em sua última reunião do Copom, o BC manteve a taxa básica de juros em 2%, mas suspendeu seu compromisso de não elevar a Selic. Alguns membros do colegiado defenderam que já fosse dado início à elevação da Selic, mas o entendimento predominante foi de que seria preferível aguardar a divulgação de mais informações sobre o cenário econômico e a pandemia do coronavírus.

Sobre a atividade econômica, Campos Neto disse nesta terça que o país perdeu um pouco de impulso depois de ter dado início a uma recuperação em forma de V, e que a tendência é que o primeiro trimestre seja fraco. O ritmo do segundo trimestre dependerá da vacinação, afirmou. “Achamos que o segundo semestre será melhor.”

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