Um dos países com maior presença no WhatsApp, com 120 milhões de usuários, o Brasil foi escolhido pelo Facebook para estrear o serviço de pagamentos do app de mensagens. Anunciada ontem por Mark Zuckerberg, a ferramenta tem parceiros locais como Banco do Brasil, Cielo, Nubank e Sicredi e chegará aos poucos aos brasileiros: segundo apurou o ‘Estadão/Broadcast’, cerca de 1,5 milhão de pessoas no País tiveram o recurso liberado na segunda-feira (15).
“Queremos expandir em breve para mais pessoas e outros parceiros, mas ainda não há data definida”, disse ao Estadão Matt Idema, diretor de operações do WhatsApp. Com a ferramenta, usuários poderão transferir quantias a outros contatos e também realizar pagamentos para empresas que usem o WhatsApp Business, versão corporativa do app. A novidade é similar à que já existe no app chinês WeChat, da Tencent, que transformou os meios de pagamentos no país asiático.
Para que os pagamentos possam ser realizados, o Facebook lançou também no País o Facebook Pay, sistema que permite pagamentos por meio de apps. Nos EUA, a ferramenta já é usada para compras feitas diretamente na rede social e também no Instagram – algo que pode chegar ao Brasil em breve, disse Idema.
Como vai funcionar
As transações entre pessoas terão teto de R$ 1 mil e serão feitas apenas com cartão de débito, vinculada a uma conta bancária – os valores recebidos já cairão direto na conta do usuário. Todas as operações terão de ser aprovadas com uso de senha ou biometria. “Se o telefone for roubado, ninguém poderá fazer transações com ele sem a senha”, afirmou o executivo.
Os pagamentos para empresas, por sua vez, poderão ser feitos a partir de cartão de débito ou crédito das bandeiras Visa e Mastercard. Não haverá limite de valores, mas todas as transações terão taxa fixa de 3,99% – os valores serão divididos pelo banco do usuário, o Facebook e a Cielo. Com o anúncio, a empresa de adquirência teve alta de 14% na bolsa ontem.
Para David Vélez, cofundador do Nubank, a nova ferramenta é mais um passo para bancarizar o Brasil – segundo dados do Instituto Locomotiva, hoje o País tem 45 milhões de pessoas sem acesso a serviços financeiros. “Esse produto pode aumentar o crescimento da nossa conta digital e do cartão de débito”, afirmou Vélez.
Conselheiro da Associação Brasileira de Fintechs, Guilherme Horn também vê potencial reduzir a desbancarização, mas crê que será preciso ter atenção para que a ferramenta não seja usada para fraudes.