O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (13) que o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), o maior banco norte-americano a quebrar desde a crise de 2008, não parece suficiente para gerar uma crise sistêmica. Mesmo assim, o ministro reconheceu que ainda não há informações suficientes para dimensionar o problema criado pelo episódio.
“Eu não sei se ele vai gerar uma crise sistêmica. Aparentemente, não. Não vi ninguém ainda tratar desse episódio como um Lehman Brothers, mas o fato é que é grave o que aconteceu”, disse, em evento organizado pelos jornais Valor Econômico e O Globo no período da manhã desta segunda-feira.
Haddad relatou ter passado o fim de semana conversando com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e com bancos brasileiros para colher a percepção de risco. O ministro aguarda a volta do dirigente do BIS para discutir sobre o tema.
“Precisa ver se a autoridade monetária do Brasil vai ter de tomar alguma providência em virtude dos efeitos sobre as economias periféricas. Isso não está claro ainda, é o que vamos acompanhar ao longo do dia”, afirmou Haddad.
O ministro acrescentou que a reação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) à quebra do SVB foi positiva para garantir os depositantes e evitar uma corrida bancária. Haddad lembrou ainda que o SVB é um banco regional, com carteira descasada.
‘Não podemos continuar crescendo 1% ao ano‘
Haddad disse que o momento exige medidas difíceis de se tomar na política econômica. Ele defendeu que o País precisa da reforma tributária e de um novo arcabouço fiscal para garantir a confiança de investidores e acelerar o crescimento econômico.
“Nós não podemos continuar crescendo 1% ao ano, este País não merece isso. Nós precisamos encontrar o caminho para retomar o desenvolvimento, porque é isso que vai dar brecha para investir mais, aumentar o dispêndio com Saúde e Educação”, afirmou Haddad, em evento dos jornais Valor Econômico e O Globo.
Protagonismo de Lira e Pacheco
O ministro da Fazenda destacou que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tiveram compromisso com a transição de governo e terão “protagonismo essencial” no andamento da reforma tributária. Ele acrescentou que o governo está se reunindo com diversos setores para apresentar a proposta.
Relatou ainda que tem procurado líderes partidários e empresários para dialogar sobre a proposta. “Nós somos negociadores”, disse.
Segundo Haddad, a reforma tributária é importante para buscar crescimento com compromisso social e proteger o País de choques externos.
O ministro disse ainda que será importante avançar depois na proposta de reforma tributária sobre a renda, após a primeira etapa, que trata dos impostos sobre o consumo.
Lucros e dividendos
Reforçou também que o programa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê a taxação de lucros e dividendos. “E tem uma boa parte do empresariado que defende isso, desde que tenha compensações, uma série de coisas que precisam ser analisadas”, afirmou.
Haddad lembrou ainda que a proposta trabalha com a criação de um fundo de desenvolvimento regional e defendeu o imposto cobrado no destino. “Essa agenda está no radar. Mas, de novo: a reforma tributária é uma porção de chavinhas que você está mexendo. Se você só olhar para o que vai perder, e não olhar para o que vai ganhar, vai inviabilizar a reforma”, disse.
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