No ano passado, os novos empréstimos concedidos pelos bancos chineses registraram sua primeira queda desde 2011, ressaltando a fraca demanda por financiamento em uma economia assolada pela deflação e pela queda no setor imobiliário.

As instituições financeiras ofereceram 18,09 trilhões de yuans (US$ 2,47 trilhões) em novos empréstimos em 2024, de acordo com dados divulgados pelo Banco Popular da China na terça-feira (14), representando a primeira queda anual em 13 anos. O financiamento agregado, uma medida ampla de crédito, também cresceu menos do que o aumento do ano anterior, marcando a primeira desaceleração desde 2021.

Alguns desenvolvimentos encorajadores foram vistos em dezembro, no entanto, quando a blitz de estímulo de Pequim entrou em ação, sugerindo que a queda na demanda de crédito estava chegando ao fundo do poço. O financiamento agregado subiu 2,86 trilhões de yuans no mês passado e 998 bilhões de yuans em novos empréstimos foram concedidos, ambos os valores mais altos em três meses, à medida que a emissão de títulos do governo se acelerou e o mercado imobiliário mostrou sinais iniciais de melhora.

“A demanda se recuperou em dezembro, apoiada pelo enorme financiamento do governo. Isso provavelmente continuará em 2025, já que a frente fiscal será mais proativa”, disse Zhaopeng Xing, estrategista sênior para a China do Australia & New Zealand Banking Group. “O pior momento do crédito já passou.”

Queda no crédito

A demanda de empréstimos moderada dos setores doméstico e corporativo impulsionou as quedas nos números de crédito do ano inteiro. Embora o ímpeto econômico da China tenha melhorado nos últimos meses devido aos cortes nas taxas de Pequim e ao apoio do setor imobiliário, suas perspectivas de crescimento para este ano permanecem longe de serem otimistas, prejudicadas pela deflação persistente e pela iminência de uma guerra comercial com os EUA.

Os novos empréstimos de médio e longo prazo para famílias – um indicador importante da atividade de empréstimos hipotecários – foram de apenas 2,25 trilhões de yuans em 2024, o menor valor em mais de uma década. Os novos empréstimos de curto prazo para residentes, normalmente usados para compras e investimentos em pequenas empresas, ficaram em 473 bilhões de yuans, a pior leitura desde 2008.

As empresas continuaram relutantes em investir, com novos empréstimos de médio e longo prazo para empresas atingindo 10,1 trilhões de yuans no ano passado, em comparação com 13,6 trilhões de yuans em 2023. Essa é a primeira desaceleração no ritmo anual de emissão de novos créditos desde 2018.