O PIB brasileiro no terceiro trimestre de 2024 (entre julho e setembro) totalizou R$ 3,0 trilhões, um avanço de 0,9% em relação ao trimestre anterior e de 4,0% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desde janeiro deste ano, a economia brasileira já acumula um avanço de 3,1%.
Ainda assim, a economia mostra sinais de desaceleração em relação ao trimestre anterior, quando o resultado do PIB foi de +1,4%.
Os principais impulsionadores do resultado positivo foram, do lado da demanda, o consumo das famílias, totalizando R$ 1,9 trilhão neste trimestre e avanço de 5,5% no período de um ano, e, do lado da oferta, o setor de serviços, com R$ 1,8 trilhão e avanço de 4,1%.
A formação bruta de capital fixo – nome técnico dos investimentos em maquinas, infraestrutura de produção, tecnologia, entre outros – avançou 10,8% na comparação anual, e totalizou R$ 526,8 bilhões neste ano. Um dos fatores que incentivou o avanço dos investimentos na produção de bens é o respiro da Selic, cuja queda inspirou confiança na economia brasileira.
Em julho de 2023, a Selic estava em 13,75% ao ano e, entre agosto de 2023 e maio de 2024, o Banco Central promoveu sucessivos cortes até que a Selic chegasse ao nível de 10,5%. Em setembro deste ano, no último mês do trimestre analisado pelo IBGE, o BC iniciou novo ciclo de alta da taxa básica, com um aumento de 0,50 p.p., atualmente em 11,25% desde a reunião de novembro.
O forte resultado do PIB reforça a perspectiva de continuidade do aperto monetário pelo Banco Central, na reunião do Copom deste mês, a fim de conter o risco da inércia inflacionária em um mercado com crescimento econômico e baixo desemprego.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento dos investimentos “é justificada pela elevação na importação de bens de capital, na produção interna de bens de capital, no desenvolvimento de software e na construção”.
Revisou pra cima
Nesta divulgação, o IBGE também revisou o crescimento da economia brasileira para o ano de 2023. De janeiro a dezembro do ano passado, o IBGE ajustou o avanço do PIB para 3,2%, originalmente 2,9%.
Houve revisão do setor de serviços (de 2,4% para 2,8%), da indústria (de 1,6% para 1,7%) e do setor de agro (de 15,1% para 16,3%).
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Consumo das famílias cresceu 5,5% em um ano
O principal motor do resultado do PIB no terceiro trimestre de 2024 foi o consumo das famílias que avançou 1,5% em relação ao período anterior (2º trimestre de 2024) e 5,5% em relação ao mesmo período um ano antes (3º trimestre de 2023), totalizando R$ 1,9 trilhão.
Entre os fatores que contribuíram para o resultado, tem destaque os programas governamentais e melhora no mercado de trabalho.
Ao todo, os gastos do governo representaram um aporte de R$ 535 bilhões na economia brasileira no terceiro trimestre de 2024, um aumento de 0,8% na comparação trimestral e de 1,3% na comparação anual. Apesar da contribuição para a economia, o resultado fiscal do governo tem penalizado especialmente os indicadores financeiros mais voláteis – como as medidas do risco-país, o câmbio e o mercado de ações – e gerado atritos com o Congresso e o mercado financeiro.
Crescimento do setor de serviços em um ano é de 4,1%
Outro destaque positivo foi o setor de serviços, que cresceu 0,9% no comparativo trimestral e 4,1% no comparativo anual. Em especial: expansões em Informação e comunicação (2,1%); Outras atividades de serviços (1,7%); Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%); Atividades imobiliárias (1,0%); e Comércio (0,8%).
O setor de serviços é um dos setores que tem sido acompanhados com bastante atenção pelo Banco Central, já que o crescimento sustentado da atividade tem sido um dos fatores para a resiliência da inflação brasileira.
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Indústria ainda é capaz de surpreender
Logo atrás do setor de serviços está a indústria brasileira, que totalizou R$ 658,6 bilhões no terceiro trimestre de 2024, um avanço de 0,6% no comparativo trimestral e 3,6% no comparativo anual.
Ainda que penalizada pelas taxas de juros elevadas, a indústria de construção teve avanço de 5,7%, “corroborado tanto pela alta da ocupação como da produção dos insumos típicos dessa atividade”, e as indústrias de transformação avançaram 4,3% “influenciada, principalmente, pela fabricação de veículos automotores; outros equipamentos de transporte; móveis e produtos químicos”.
Agro na entressafra
Grande destaque do PIB em 2023, o setor agropecuário teve queda de 0,9% no comparativo trimestral e recuo de 0,8% no comparativo anual, totalizando R$ 162,9 bilhões no terceiro trimestre de 2024. Apesar do recuo, o terceiro trimestre costuma penalizar a atividade agrícola já que o setor encara períodos de entressafra nesta época do ano.
(Colaborou Sérgio Tauhata)
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