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Economia

PIB cai 4,1% em 2020, pior resultado já registrado pelo IBGE

Número foi impactado pela pandemia; no 4º trimestre, houve alta de 3,2%.

Pessoas caminham em rua de comércio popular em São Paulo
Pessoas caminham em rua de comércio popular em São Paulo 15/12/2020 REUTERS/Amanda Perobelli

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil fechou 2020 com uma queda de 4,1%, a maior em 20 anos, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Foi o pior recuo anual desde o começo da série histórica, em 1996.

Considerando o 4º trimestre do ano, no entanto, o PIB teve crescimento de 3,2% em na comparação com o 3º. A variação representa uma desaceleração em relação ao avanço de 7,7%, indicando que a recuperação da economia perdeu força nos últimos três meses de 2020. Na comparação com o mesmo período de 2019, houve queda de 1,1%.

De qualquer forma, os resultados trimestrais vieram acima da expectativa do mercado. Pesquisa da Reuters com economistas indicava expectativa de alta de 2,8% na comparação trimestral e queda de1,6% na anual.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos, e serve para medir a atividade econômica do país.

Variação do PIB em %

Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, os impactos da pandemia da covid-19 seguiram afetando a economia mesmo depois da flexibilização das medidas de isolamento social. “Muitas pessoas permaneceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem provocar aglomeração”, afirma.

Quem perdeu mais

Variação do PIB por setores

Com os efeitos da pandemia, a indústria e o setor de serviços (que, somados, representam 95% da composição do PIB) sofreram em 2020. O recuo dos dois setores foi de 3,5% e 4,5% no ano, respectivamente.

Do setor de serviços, a maior perda foi para as atividades que incluem restaurantes, academias e hotéis, com tombo de 12,1%. A segunda maior perda foi a de 9,2% dos transportes, armazenagem e correio, especialmente por causa da baixa no segmento de transporte de passageiros.

Vista de prédio em construção no Rio de Janeiro. 27/11/2020. REUTERS/Pilar Olivares

Na indústria, o pior desempenho foi da construção, que encolheu 7% no ano. Já a indústria de transformação teve perda de 4,3%, puxada pelo recuo na fabricação de veículos automotores, outros equipamentos de transporte, confecção de vestuário e metalurgia. Na outra ponta, o aumento na produção de petróleo e gás puxou uma alta de 1,3% da indústria extrativa, compensando a redução da extração do minério de ferro.

Apesar do desempenho negativo no ano para o setor de serviços e da indústria, o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, chama a atenção para a os números do quarto trimestre, “puxando um crescimento”. Segundo o IBGE, a alta trimestral foi de 2,7% dos serviços e de 1,9% da indústria, puxando a alta da economia nos últimos três meses do ano.

O economista João Beck, da BRA, comenta que, “no quarto trimestre, o crescimento do consumo das famílias e da indústria ainda se apoia por resultado do auxílio emergencial, mas também por alguma retomada leve e gradual na economia, além de uma ajuda do dólar mais alto”.

Agro vai bem

No lado positivo, a agropecuária teve crescimento de 2%, reduzindo as perdas da economia, mas não o suficiente para reverter o encolhimento na média geral do ano. A alta do setor setor foi impulsionada pela soja e pelo café, que alcançaram produções recordes na série histórica do IBGE.

“Os números fechados de 2020 deixam evidente o desempenho do setor agro, ajudado pela sustentação dos preços e pelo dólar mais forte. Isso contribuiu para que o tombo do PIB não fosse maior”, avalia Beck.

Considerando apenas o quarto trimestre, no entanto, o setor registrou queda de 0,5%.

Consumo das famílias tem queda recorde

O consumo das famílias, que tem forte peso na economia, teve o pior desempenho já registrado pelo IBGE na série histórica. A queda foi de 5,5%.

Outro recuo recorde foi dos gastos do governo, que caíram 4,7%. Segundo Rebeca Palis, do IBGE, esse resultado foi influenciado por fatores como o fechamento de escolas, universidades, museus e parques ao longo do ano.

Já os investimentos, monitorados pelo IBGE como “Formação Bruta de Capital Fixo”, voltaram a cair depois de 2 anos de recuperação. O recuo foi de 0,8%. Mas Vieira aponta que esse resultado dos investimentos é uma “indicação interessante” sobre o desempenho da economia. Isso porque, apesar de o número não ter surpreendido, “uma queda assim num cenário pandêmico poderia ter sido substancialmente pior”, comenta o economista.

Ainda do lado da demanda, as importações e exportações tiveram queda de 10% e 1,8%, respectivamente.

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