O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que o governo fará mudanças na política de preço da Petrobras “com muito critério” para que a estatal deixe de seguir a paridade de preço de importação (PPI), mas afirmou que o tema não está em discussão no momento.
“Nós vamos mudar, mas com muito critério, porque durante a campanha eu disse que era preciso abrasileirar o preço da gasolina, o preço do óleo diesel. O Brasil não tem porque estar submetido ao PPI”.
Luiz inácio lula da silva
Questionado sobre uma desavença entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que afirmou na véspera que o governo federal vai cobrar que a Petrobras contribua com o controle da inflação, Lula disse que irá conversar com ambos, mas assegurou que a questão será resolvida porque o governo não está discutindo o tema no momento.
“Essa divergência é uma coisa extemporânea. Eu ainda não conversei nem como o nosso presidente da Petrobras nem com o ministro… Se houve divergência entre os dois ela deixará de existir na hora que eu conversar com os dois, porque o governo não está discutindo isso”, afirmou.
No entanto, o presidente também disse ter sido pego de surpresa com a discussão pública entre o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras.
Na véspera durante entrevista à GloboNews, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que haveria mudanças na política de preços praticada pela Petrobras, com a adoção de diretrizes baseadas no mercado interno, e não no exterior, como é atualmente.
Mas a Petrobras negou na sequência, dizendo que não recebeu nenhuma proposta do MME a respeito do tema.
Durante o pregão de ontem, o mercado reagiu às declarações. A ação PETR4 terminou o dia em alta 0,33%, mas chegou a cair mais de 4% na mínima do dia. Já a ação PETR3 subiu 0,15%, após perder mais de 3%.
A Ativa Investimentos avaliou que, ainda que esperada, a fala do ministro é negativa e corrobora com a visão da casa quanto às mudanças que ocorrerão na companhia ao longo das próximas semanas.
Entenda a política de preços da Petrobras
A estatal é responsável por 42,1% da formação do atual preço da gasolina vendida nas bombas no país, levando em consideração a média nacional, que era de R$ 5,51 por litro, entre os dias 19 e 25 de março. Impostos federais e estaduais respondem por 23,8% do total.
Desde 2016, a Petrobras passou a seguir a política de preço de paridade internacional (Preço de Paridade por Importação, ou PPI), que consiste em ajustar o preço dos combustíveis vendidos em suas refinarias de acordo com as mudanças de preços de importação do petróleo.
Essa paridade considera valores praticados no exterior, principalmente cotações no Golfo do México (EUA), custo de frete e câmbio (variação do dólar frente a outras moedas).
A mudança para o PPI foi adotada durante o governo de Michel Temer e deu fim à antiga política adotada no governo de Dilma Rousseff, quando o preço dos combustíveis ficou congelado, entre 2011 e 2016.
Quando a política do PPI foi adotada, pelo então presidente da companhia, Pedro Parente, os preços eram atualizados diariamente, o que gerou reclamações, pois isso acabou com a previsibilidade para contratos na ponta da cadeia, como o frete de caminhoneiros. Nos anos seguintes, os reajustes passaram a ser cada vez mais espaçados.
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