A guerra é a principal preocupação dos especialistas em risco entrevistados pelo Fórum Econômico Mundial, apesar da promessa do novo presidente dos EUA, Donald Trump, de acabar com as hostilidades na Ucrânia.

O “conflito armado entre Estados” é a preocupação imediata mais urgente para 2025, citada por cerca de um quarto dos 900 entrevistados em uma pesquisa anual divulgada poucos dias antes da reunião de elite da organização no resort montanhoso suíço de Davos.

O Relatório de Riscos Globais do fórum, agora em sua 20ª edição, fornece a música ambiente para um evento em que uma multidão de líderes mundiais se misturará com executivos de negócios, totalizando mais de 3.000 participantes.

A avaliação sugere que qualquer sensação de segurança proporcionada pelos milhares de policiais e militares suíços que fazem patrulhas em temperaturas congelantes do lado de fora não pode ser considerada garantida em outros lugares.

“O aumento das tensões geopolíticas, o rompimento da confiança global e a crise climática estão pressionando o sistema global como nunca antes”, disse Mirek Dušek, Diretor Geral do WEF. “Em um mundo marcado por divisões cada vez mais profundas e riscos em cascata, os líderes globais têm uma escolha: promover a colaboração e a resiliência ou enfrentar a instabilidade agravada.”

A preocupação com a guerra como um risco imediato é ainda mais notável, considerando que Trump fez do fim do conflito na Ucrânia uma prioridade pública. Seu indicado para enviado especial ao país, Keith Kellogg, disse à Fox News na semana passada que quer uma solução para o país nos primeiros 100 dias do governo.

Enquanto isso, no Oriente Médio, o Hamas e Israel estão “prestes” a chegar a um acordo, de acordo com o presidente cessante dos EUA, Joe Biden.

No entanto, Trump não terá ajudado a dissipar qualquer impressão geral de um apetite por conflitos, tendo começado o ano recusando-se a descartar o uso de força militar para tomar o Canal do Panamá ou a Groenlândia.

Sua participação virtual no fórum, programada para 23 de janeiro, três dias após sua posse, será analisada para se obter mais pistas sobre suas intenções. De modo mais geral, a geopolítica pode ser um tema recorrente em Davos, com a presença de vários protagonistas importantes, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy e o chefe da OTAN, Mark Rutte.

Em segundo lugar entre os principais riscos citados na pesquisa para este ano está o perigo de eventos climáticos extremos – uma inclusão oportuna, considerando a luta da Califórnia para reprimir incêndios florestais devastadores alimentados por ventos fortes e um inverno excepcionalmente seco.

A gravidade de todos os fatores listados na classificação, inclusive a desigualdade, a polarização social e a espionagem cibernética, aumentará a longo prazo, de acordo com uma pontuação citada pelo fórum.

Isso reflete “as preocupações dos entrevistados sobre o aumento da frequência ou da intensidade desses riscos à medida que a próxima década se desenrola”, disse o relatório.