Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – A produção industrial no Brasil teve em janeiro a maior queda em quase três anos, num resultado pior que o esperado, pressionado por perdas nas indústrias extrativas e de alimentos, iniciando 2024 em tom negativo depois de resultados positivos no final ano passado.
Em janeiro, a produção contraiu 1,6% na comparação com o mês anterior em dado com ajuste sazonal, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a produção teve alta de 3,6%.
O resultado mensal representa a queda mais intensa desde abril de 2021 (-1,9%) e elimina parte do ganho de 2,9% acumulado no período de agosto a dezembro de 2023.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de recuo de 1,3% na base mensal e alta de 2,8% na anual.
“O dado veio abaixo do esperado e ainda mostra o setor com dificuldades de uma retomada mais robusta”, destacou em nota Rafael Perez, economista da Suno Research. “Para este ano, esperamos uma retomada gradual de alguns segmentos da indústria mais dependentes das condições de crédito, como a indústria de transformação e bens de consumo duráveis, tendo em vista o ciclo de queda da Selic.”
A indústria nacional teve em 2023 expansão de 1,6% sobre 2022, de acordo com os dados do PIB. O ano foi marcado por variações mensais perto de zero, com o setor enfrentando de um lado dificuldades externas e juros elevados no Brasil, e de outro arrefecimento da inflação e um mercado de trabalho aquecido no país.
O resultado de janeiro da produção interrompe dois meses seguidos de altas. O setor ainda está 0,8% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 17,5% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011, de acordo com o IBGE.
“O saldo da indústria nos últimos meses, mesmo com a perda, ainda é positivo. A magnitude da queda liga o alerta, embora não dê para cravar uma reversão de tendência da indústria”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo.
O IBGE destacou que, em janeiro, seis dos 25 ramos pesquisados mostraram recuo na produção, com destaque para as quedas de 6,3% das indústrias extrativas e de 5,0% dos produtos alimentícios. Esses dois setores têm peso de 15% cada um no índice e puxaram para baixo o resultado dos bens intermediários, de acordo com Macedo.
“A primeira atividade foi pressionada pela menor extração de petróleo e minério de ferro, interrompe dois meses consecutivos de crescimento na produção, período no qual acumulou expansão de 6,7%”, explicou Macedo.
“A segunda teve como principal influência negativa a redução na fabricação de açúcar, eliminando parte da expansão de 11,3% acumulada no período entre julho e dezembro”, completou.
Entre as categorias econômicas, Bens de Capital tiveram alta de 5,2% em janeiro, mas a fabricação de Bens Intermediários contraiu 2,4% e a de Bens de Consumo caiu 1,5%.
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