Tido como prioridade do ministro Fernando Haddad para melhorar o ambiente de crédito no Brasil, o PL que altera a Lei das Falências pode nascer com falhas: as pequenas e médias empresas, que tendem a ser as mais interessadas, podem ter maiores dificuldades. 

Especialistas ouvidos pelo InvestNews afirmam que essa tem sido uma das principais críticas à proposta enviada pela Fazenda, e que está em tramitação no Congresso Nacional. Em linhas gerais, o impacto das mudanças se dá nas possíveis dificuldades das PMEs em acessar e executar os procedimentos de insolvência.

“Questões como custos adicionais e complexidade dos processos podem representar barreiras significativas para essas empresas”

Lucca Mendes, advogado e sócio do escritório Mendes Advocacia e Consultoria

Com isso, a capacidade de reestruturação dos negócios de menor porte fica comprometida. O problema é que as PMEs deveriam estar entre as principais beneficiadas. 

Afinal, foram elas que lideraram a procura por pedidos de recuperação judicial em 2023, conforme dados da Serasa Experian. Das 1,4 mil solicitações feitas no ano passado, as PMEs responderam por 939 pedidos – quase 70%.

Trata-se de um salto de 77% em relação às solicitações feitas por esse segmento em 2022. As PMEs também dominam os pedidos de falência – com 546, de um total de 983.

Credores x PMEs

Considerando-se o texto aprovado pelos deputados ao final de março e que está nas mãos do Senado, em regime de urgência, especialistas apontam para a ausência de medidas para mitigar os efeitos onerosos e garantir que as empresas de menor porte também possam se beneficiar das alterações propostas. 

Em contrapartida, eles destacam que os principais beneficiados são bancos, fundos de investimentos e gestoras de recursos especializadas em comprar ativos. Isso porque, normalmente, são esses agentes que detêm os créditos de maior valor nas falências.