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Economia

Puxado por educação, IPCA sobe mais que o esperado e tem maior nível em um ano em fevereiro

Pressão sazonal dos custos com educação fez acelerar indicador.

A inflação brasileira acelerou mais do que o esperado em fevereiro e atingiu o nível mais alto em um ano diante da pressão sazonal dos custos da educação, embora o aumento dos preços dos alimentos tenham arrefecido.

Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83%, acelerando a alta de 0,42% em janeiro e acima da expectativa do mercado de avanço de 0,78% no mês.

Com o resultado divulgado nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula nos 12 meses até fevereiro alta de 4,50%, de 4,51% em janeiro. A expectativa era de um aumento de 4,44%.

Isso deixa a inflação em 12 meses exatamente no teto da meta para a inflação, cujo centro para este ano é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O principal vilão para o mês foi o grupo Educação, com alta de 4,98%, em um movimento sazonal de início de ano. A maior contribuição nesse segmento partiu dos cursos regulares, cujos custos avançaram 6,13% no mês. Segundo Inácio Alves, analista da Melver, o resultado é fruto dos reajustes habituais do início do ano.

As maiores altas nos preços vieram do ensino médio (8,51%), do ensino fundamental (8,24%), da pré-escola (8,05%) e da creche (6,03%). Também houve aumento na inflação do curso técnico (6,14%), ensino superior (3,81%) e pós-graduação (2,76%).

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Isso ajudou a inflação de serviços a disparar a 1,06% em fevereiro, de uma variação positiva de 0,02% no mês anterior, acumulando em 12 meses alta de 5,25%.

Embora a alta de educação seja sazonal, os custos de serviços vêm sendo acompanhados de perto pelo Banco Central para a condução da política monetária, em um ambiente de mercado de trabalho resiliente que tende a elever os gastos dos consumidores.

“Embora o número (0,83%) tenha ficado acima da expectativa, ele permaneceu dentro da faixa esperada entre 0,57% e 0,88%. Com isso, a curva de juros que mede a expectativa do mercado começou a sessão com uma leve queda em relação ao pregão anterior, mostrando que o valor acima não causou, em princípio, um grande impacto no mercado”.

Inácio Alves, analista da Melver

Segundo o economista Andre Perfeito, o resultado do IPCA divulgado hoje reforça mais uma vez a expectativa de um cenário com Selic terminal acima das projeções de mercado. “Mantenho 9,75% ao final do ciclo (mercado projeta 9%).”

Perfeito também prevê que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) o colegiado do BC vai se desobrigar do guidance, “ou seja, não irá mais garantir cortes de 0,50 pontos percentuais”.

O Banco Central volta a se reunir na semana que vem sob a expectativa de novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros Selic, atualmente em 11,25% ao ano.

A pesquisa Focus mais recente divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira mostra que a expectativa do mercado é de que o IPCA encerre este ano com alta acumulada de 3,77%.

Outros componentes

Ainda em fevereiro a inflação de Alimentação e bebidas desacelerou a 0,95%, de 1,38% em janeiro, mas ainda exerceu o segundo maior impacto no índice do mês. Os preços da alimentação no domicílio subiram 1,12%, com altas da cebola (7,37%), da batata-inglesa (6,79%), das frutas (3,74%), do arroz (3,69%) e do leite longa vida (3,49%).

O resultado foi influenciado pelo clima, por conta de temperaturas mais altas e um maior volume de chuvas, explicou à Reuters o gerente da pesquisa, André Almeida.

O grupo Transportes também pressionou a inflação de fevereiro com uma alta de 0,72%, após queda de 0,65% no mês anterior. O recuo de 10,71% das passagens áreas foi compensado pelo aumento de 2,93% nos preços dos combustíveis. Todos eles subiram –etanol (4,52%), gás veicular (0,22%), óleo diesel (0,14%) e gasolina (2,93%).

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em fevereiro queda a 57%, de 65% antes.

Segundo Rafael Costa, analista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez, de forma geral, não houve grandes novidades no resultado sobre serviços e serviços subjacentes. “A composição da inflação de serviços subjacentes continua mostrando alguns itens/grupos registrando números de inflação atipicamente altos para o período (como serviços médicos e dentários e serviço bancário), enquanto as inflações de alguns grupos são mais favoráveis (por exemplo, alimentação fora do domicílio)”.

Por sua vez, chama a atenção o fato de a inflação dos preços de serviço bancário ter recuado fortemente (de 2,70% m/m em janeiro para 1,12% m/m em fevereiro), “quase em linha com o que projetávamos (inflação de 1,0% m/m em fevereiro), aponta o BGC Liquidez.

“Gostaríamos de ter observado um recuo mais expressivo da inflação dos preços da alimentação, mas o resultado de hoje não muda nossa visão de um cenário mais otimista (no sentido de uma inflação mais fraca) para esse segmento no curto prazo. A inflação dos serviços subjacentes continua registrando detalhes ruins que atrapalham atingir o centro da meta de inflação”.

Com Reuters

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