O Brasil ficou na 14ª posição em um ranking do PIB com 49 países no primeiro trimestre de 2022. Com crescimento de 1% na comparação com os três meses anteriores, a economia brasileira ficou à frente de países europeus como Suíça, Alemanha e França, e próximo ao desempenho de outros latino-americanos como Colômbia e México.
O levantamento foi feito pelo Trading Economics com os dados referentes ao primeiro trimestre deste ano já divulgados pelos países.
Na lista, o pior desempenho é da Nigéria, que viu seu PIB encolher mais de 14% no começo de 2022. O segundo pior foi Hong Kong, com queda de 3%, seguido por Estados Unidos, com recuo de 1,5%. Na outra ponta, Romênia e Malásia tiveram os maiores crescimentos, com expansão de 5,2% e 3,9%, respectivamente. Em seguida ficaram Letônia, com 2,6%, e Portugal, com 2,6% (veja a tabela com o ranking do PIB completo mais abaixo).
“O resultado (brasileiro) teve uma frustração na margem, as expectativas estavam mais otimistas. A mediana do mercado estava em torno de 1,2% de alta. Mas o resultado em si, quando a gente coloca em perspectiva, inclusive nessa lógica da comparação com outros países, não é um resultado ruim”, comenta Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.
“O Brasil teve um desempenho que ficou à frente de grandes economias, como Inglaterra, Coreia do Sul, Suíça, Alemanha, França, Japão, inclusive Estados Unidos. Então, do ponto de vista da comparação global, a gente teve um desempenho bem razoável”, afirma Costa.
Já o economista Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, comenta que, comparando com outros emergentes, o Brasil ficou abaixo de China, Índia, Turquia e Arábia Saudita. “A China, geralmente, roda a um ritmo muito acelerado. Está em 1,3% contra o último trimestre. Índia, 1,84%, também roda a um ritmo bem mais elevado. Turquia, 1,2%, teve um trimestre muito fraco no finalzinho do ano passado. Arábia Saudita, 1,6%, o que faz todo sentido diante da explosão dos preços do petróleo”, compara.
Considerando a média dos países da lista, o crescimento foi positivo em 0,4%. Deixando de fora a Nigéria, que teve uma queda muito superior aos demais países, essa média positiva sobe para 0,7%.
“A maior parte das economias teve um desempenho positivo neste primeiro trimestre do ano – o que faz sentido, dado que a ômicron assustou, mas depois que a população conseguiu se sentir mais confiante, as pessoas foram consumir serviços, produtos”, comenta Cruz.
“Até na Europa, com a guerra na Rússia na Ucrânia, existia a expectativa de que os indicadores caíssem, e não caíram. Porque, justamente, depois de dois anos em que as pessoas se sentiam muito cautelosas de sair às ruas e consumir, agora não. E é justamente essa ponta que puxou positivamente a maior parte dos PIBs mundo afora”, diz o economista.
Outra comparação
Embora o crescimento do PIB brasileiro tenha ficado bem posicionado em relação a outros países no primeiro trimestre, a economista-chefe de Latin América da Coface, Patrícia Krause, aponta que, na comparação entre as recuperações pós-pandemia, o país não tem vantagem tão ampla.
“Se a gente comparar com o grupo dos principais países, o Brasil, de fato, se posicionou bem nesse primeiro trimestre. Se a gente olhar as economias da região que já divulgaram dados, em linha com o desempenho da Colômbia, do México, acima do Chile, que teve uma queda. Então, o desempenho do Brasil, a princípio, seria relativamente positivo. Mas é importante mencionar que isso só um trimestre de comparação”, explica ela.
“A gente teria que pegar uma base mais longa para comparar o desempenho. Por exemplo: se a gente considerar como base o último trimestre de 2019, que foi o último antes do impacto da covid, e o nível de atividade em comparação com esse (primeiro) trimestre, a gente vê que o Brasil está 1,6% acima do último trimestre de 2019, mas outros países vizinhos estão bem acima”, afirma Krause.
“O Chile contraiu no primeiro trimestre, mesmo assim está quase 11% acima (do patamar pré-pandemia). A Colômbia está 8%. Saindo da América Latina, os Estados Unidos, mesmo observando uma contração no primeiro trimestre do ano, está 2,8% acima. Então, se a gente olhar numa base, num período mais longo, esse crescimento não impressiona tão positivamente assim.”
Ranking do PIB: 1º trimestre de 2022
País | PIB no 1º tri de 2022 (variação mensal, em %) |
Romênia | 5,2 |
Malásia | 3,9 |
Letônia | 3,6 |
Portugal | 2,6 |
Polônia | 2,5 |
Hungria | 2,1 |
Filipinas | 1,9 |
Áustria | 1,5 |
China | 1,3 |
Turquia | 1,2 |
Islândia | 1,1 |
Tailândia | 1,1 |
Taiwan | 1,06 |
Brasil | 1 |
Bulgária | 1 |
Colômbia | 1 |
Chipre | 1 |
Lituânia | 1 |
México | 1 |
República Tcheca | 0,9 |
Peru | 0,9 |
Austrália | 0,8 |
Canadá | 0,8 |
Eslovenia | 0,8 |
Reino Unido | 0,8 |
Cingapura | 0,7 |
Coréia Do Sul | 0,7 |
Tunísia | 0,7 |
Bélgica | 0,5 |
Suíça | 0,5 |
Eslováquia | 0,4 |
Espanha | 0,3 |
Finlândia | 0,2 |
Alemanha | 0,2 |
Estônia | 0,1 |
Itália | 0,1 |
Holanda | 0 |
Dinamarca | -0,1 |
França | -0,2 |
Japão | -0,2 |
Israel | -0,4 |
Sérvia | -0,5 |
Chile | -0,8 |
Suécia | -0,8 |
Indonésia | -0,96 |
Noruega | -1 |
Estados Unidos | -1,5 |
Hong Kong | -3 |
Nigéria | -14,66 |
Fonte: Trading Economics
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