O governo do Reino Unido planeja endurecer as regras de concessão de vistos, como parte de um pacote para conter a migração legal ao país. A medida, que será detalhada nesta segunda-feira (13), inclui exigências mais altas para vistos de trabalho qualificado, restrições a trabalhadores de baixa qualificação e mudanças nas regras de deportação.
A iniciativa ocorre em meio ao avanço do partido Reform UK, liderado por Nigel Farage, que tem se beneficiado da insatisfação popular com o crescimento da imigração — tema central nas eleições locais recentes. O primeiro-ministro Keir Starmer tem prometido reduzir os fluxos imigratórios, em resposta à pressão sobre serviços públicos e à frustração da base trabalhista com o tema.
Entre as novas medidas:
- Vistos de baixa qualificação terão validade limitada e só serão concedidos com comprovação de escassez de mão de obra e compromisso das empresas em treinar britânicos;
- O recrutamento de trabalhadores estrangeiros no setor de cuidados (como cuidadores de idosos) será restringido;
- O governo passará a receber notificações de todos os crimes cometidos por estrangeiros, não apenas os que envolvem prisão, facilitando deportações mais rápidas.
A ministra do Interior, Yvette Cooper, disse à BBC que as mudanças podem reduzir em até 50 mil os vistos de baixa qualificação emitidos no próximo ano. Ela defendeu uma “mudança fundamental”, para que o sistema imigratório esteja vinculado à capacitação local.
As medidas respondem ao forte aumento da imigração legal nos últimos anos. O Reino Unido registrou um saldo líquido de 906 mil imigrantes no ano encerrado em junho de 2023 — recorde histórico. O número de dependentes que entram no país cresceu 360% entre 2021 e 2023, enquanto o de residentes permanentes subiu 80%.
Críticos dizem que o governo não tem feito o suficiente para coibir abusos, como tráfico de pessoas ou exploração por dívidas, especialmente no setor de cuidadores.
A oposição conservadora afirma que o pacote não vai longe o bastante. Chris Philp, do Partido Conservador, defendeu um teto legal para a imigração e pediu que o governo revogue a Lei de Direitos Humanos no que diz respeito a temas migratórios.
Cooper, por sua vez, evitou estipular metas para a migração líquida — lembrando que os governos conservadores já descumpriram promessas similares. “O que precisamos é de um sistema mais justo, eficaz e que funcione para o Reino Unido”, disse.
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