As autoridades japonesas mantiveram nesta segunda-feira (24) os esforços para conter as quedas acentuadas do iene, inclusive com uma suposta intervenção cambial por duas sessões consecutivas, mas não conseguiram sustentar a moeda contra a força persistente do dólar.
A liquidação do iene está prejudicando a terceira maior economia do mundo, impulsionando as contas de importação já em alta e desafiando o compromisso do Banco do Japão com juros ultrabaixos diante do rápido aperto monetário global para conter a inflação desenfreada.
A moeda japonesa saltou 4 ienes, para 145,28 por dólar no início das negociações asiáticas nesta segunda-feira, sugerindo que as autoridades intervieram pelo segundo dia consecutivo após um movimento semelhante de Tóquio na sexta-feira (21).
“Não vamos comentar”, disse Masato Kanda, vice-ministro das Finanças para Assuntos Internacionais, a repórteres no Ministério das Finanças, quando perguntado se houve nova intervenção nesta segunda.
“Estamos monitorando o mercado 24 horas por dia, 7 dias por semana, enquanto tomamos as respostas apropriadas. Continuaremos a fazê-lo a partir de agora também”, disse Kanda, que supervisiona a política cambial do Japão.
No entanto, o iene não conseguiu manter os ganhos iniciais e atingiu brevemente uma mínima de 149,70 por dólar, enquanto os mercados continuavam a se concentrar na crescente divergência entre a política monetária ultrafrouxa do Banco do Japão e os planos de aumento de juros constantes do Federal Reserve.
Às 9h09 (de Brasília), o dólar subia 0,90%, a 148,97 ienes.
O Japão deve ter gastado um recorde de 5,4 trilhões a 5,5 trilhões de ienes (US$ 36,16 bilhões a US$ 36,83 de dólares) em sua intervenção de compra de ienes na sexta-feira passada, segundo estimativas de corretoras do mercado monetário de Tóquio.
A quantia é muito maior do que os cerca de 2,8 trilhões de ienes que o Japão gastou para sustentar a moeda em 22 de setembro, que foi a primeira intervenção de compra de ienes e venda de dólares desde 1998.
A situação do iene deixa o banco central japonês sob os holofotes dias antes de ele se reunir para definição da política monetária, com expectativa de que mantenha a postura ultrafrouxa ao divulgar a decisão na sexta-feira.
Com a inflação relativamente modesta e a economia incapaz de acelerar, o Banco Central tem medo de aumentar os juros e correr o risco de desencadear uma recessão.
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