Apesar de ter assinado o termo de posse no domingo (1º), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) assumiu nesta quinta-feira (5) o ministério do Planejamento e Orçamento.
Em cerimônia com a presença de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, o vice Geraldo Alckmin, o ex-presidente José Sarney, além de outros ministros, Tebet reconheceu divergências com demais integrantes da equipe econômica do governo eleito. No entanto, a ministra disse trabalhar focada nas pessoas invisíveis e que estes estarão no orçamento.
Terceira colocada na corrida presidencial, a agora ministra começou seu discurso agradecendo a Lula pela confiança em entregar o Ministério do Planejamento e Orçamento.
“Eu achava que não deveria aceitar esse ministério. Por que esta é uma pauta que tenho total divergência. Tenho sinergia na pauta social e de costumes e estava preparada para ir para essa área. Mas fui para a pauta econômica”.
Divergências com Haddad
Segundo Tebet, a surpresa ao receber o ministério foi devido a divergências econômicas que tem com Haddad e Alckmin. “Mas Lula simplesmente ignorou; e democrático como é, ele quis diferentes perfis para se somar. E democracia é isso, não é ter pessoas iguais, mas diferentes para governar juntas.”
A ministra pontuou que a ordem recebida do presidente Lula é que a Constituição saia das prateleiras frias e dos discursos vazios e que as propostas do governo sejam colocadas no programa, no Orçamento e nas políticas públicas.
Tebet também fez críticas ao governo Bolsonaro, e pontuou que no atual governo, pobres, crianças, mulheres, povos originários, negros, pessoas com deficiência, comunidade LGBTQIA+ e trabalhadores estarão no orçamento.
“Passou a hora de dar visibilidade aos invisíveis. Tem de abarcar todas essas prioridades, sem deixar de ficar de olho na dívida pública”.
A ministra reiterou que será responsável com os gastos públicos e que não há política social sustentável se não tiver política fiscal responsável.
Segundo o economista Andre Perfeito, a fala da ministra sobre ter divergência econômica com o governo petista constrói um eixo que pode ser um contrapeso aos aspectos mais heterodoxos da Fazenda “e isso pode ser um valioso ativo na construção de uma nova percepção sobre a solvência da dívida pública”.
Para o economista, o caminho da credibilidade é longo e só será pavimentado na medida que os resultados fiscais evidenciem as boas intenções do planejamento, “mas a fala inicial é alvissareira neste sentido”.
A ênfase dada para a reforma tributária e para a atuação de Bernard Appy foi um dos destaques da fala de Tebet para o economista, que acredita que devem ser vistas ações do governo que busquem a redução da regressividade com tributação.
Tebet foi a candidatada às eleições presidenciais com o terceiro maior número de votos no primeiro turno. Ela terminou o primeiro turno com 4,16% dos votos, atrás de Lula e Bolsonaro. No segundo turno teve papel central na campanha do presidente petista.
Em seu discurso, a nova ministra pontuou que o povo brasileiro foi ouvido nas ruas e que o rito da Constituição foi cumprido. Segundo ela, no discurso do presidente Lula, “ficou evidente a diferença da democracia de hoje da barbárie de ontem”.
“Onde se via, no passado, o discurso de armas, ali se ouviu o discurso dos livros. Onde se sentia desigualdade, ali se viu o sonho da igualdade, onde se pregou a negação, ali estava, no discurso do presidente Lula, a defesa da vida, da diversidade e do meio ambiente. Onde se via a insensibilidade de um governo e a indiferença, naquela rampa, ao lado do povo brasileiro, representado na nossa diversidade, se estampou a emoção de um presidente, que disse que não irá descansar enquanto o Brasil não estiver devidamente alimentado”, disse.
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