O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (7) acreditar que o tempo vai jogar a favor da autoridade monetária, com a perspectiva de que ruídos que tenham contribuído para o aumento das expectativas de inflação sejam dirimidos.
“A gente entende que tem alguns fatores que influenciaram as expectativas de inflação que estão ligados a ruídos que aconteceram. A gente acha o tempo vai jogar a favor do Banco Central porque parte desses ruídos vão ser dirimidos ao longo do tempo”, disse Campos Neto em evento promovido pela Monte Bravo Corretora, sem detalhar.
Ele ressaltou que a decisão do BC de deixar de oferecer uma orientação sobre os passos seguintes da política monetária se deu exatamente pelo entendimento de que o tempo é relevante para entender melhor os desdobramentos nos cenários externo e doméstico.
Segundo o chefe do BC, o Brasil vive um momento “atípico”, marcado por uma inflação corrente benigna acompanhada de expectativas do mercado para a inflação à frente que estão desancoradas.
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Ele defendeu que, mesmo que a inflação esteja convergindo para a meta, a desancoragem das expectativas precisa ser combatida pela autoridade monetária.
“É importante entender a causa da desancoragem, mas independente da causa a gente tem que lutar contra a desancoragem”, afirmou.
Campos Neto afirmou que o Brasil é um país conhecido por seus ruídos, mas que os investidores devem se atentar também aos ganhos estruturais recentes do ponto de vista econômico, que, de acordo com ele, têm se concretizado e se aprimorado.
Economistas consultados pelo BC em sua pesquisa Focus têm piorado suas expectativas para a inflação nos próximos anos, aumentando a mediana da alta dos preços para os anos de 2024, 2025 e 2026.
Nesta semana, a mediana das expectativas para 2025 — que ainda está no horizonte da política monetária atual do BC –, sofreu a quinta alta consecutiva. A inflação projetada para o próximo ano no Focus está em 3,77%, já mais distante do centro da meta perseguida pelo BC, de 3%.
O cenário é mais positivo para o BC quando o assunto é a inflação do momento.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,44% em maio, acelerando frente a abril, mas menos do que o esperado por economistas, que previam alta de 0,48%, segundo pesquisa da Reuters.
No tema das finanças do país, Campos Neto reconheceu que há grandes questionamentos do mercado em relação à consistência do arcabouço fiscal, pontuando que a retirada de amarras de gastos públicos, com a desvinculação de despesas como as com saúde e educação, seria um “choque positivo”.
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Investimentos
No evento, Campos Neto destacou a base estrutural sólida da balança comercial do país, fortalecida pela exportação de petróleo e melhora na produção de alimentos.
Ele apontou, por outro lado, que o Brasil poderia estar recebendo mais investimentos externos, dada sua vantagem competitiva na oferta de energia limpa. Também ressaltou uma “barreira grande” para o país atrair recursos financeiros devido a taxas de juros altas em países desenvolvidos.
O Brasil, disse Campos Neto, ainda assim “tem todas as condições de ser atrativo para fluxos de capitais”.
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