O efeito da desoneração dos impostos federais sobre os carros anunciada na quinta-feira (25) pelo governo é imediato, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima Leite. Segundo ele, três montadoras já informaram à associação que desistiram de colocar em prática a suspensão de contratos de trabalho (layoff) que estavam previstas.
“Apenas agora, neste momento, nós tivemos notícias de três fábricas que suspenderam lockdowns que estavam previstos. Então o efeito é imediato e por isso a urgência destas medidas. Na nossa avaliação, isso contribui sim para a redução das paralisações nas fábricas”, disse ele.
O presidente da Anfavea não quis dar os nomes das três montadoras, sob a alegação de que elas não o teria autorizado a identificá-las.
Sabe-se que a Volkswagen, que tinha cogitado a possibilidade de suspender contratos com seus funcionários, mesmo antes do anúncio da desoneração dos carros, havia postergado para o mês que vem.
Leite disse também que nesta quinta, durante reunião do setor com o presidente Lula, teria sido discutido a questão do emprego nas montadoras e sua relevância para a economia, mas não há nenhum compromisso de manutenção dos postos de trabalho por parte das empresas.
Entenda
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou na véspera que o governo vai editar uma Medida Provisória que deve reduzir de 1,5% a 10,96% o preço final dos carros zero, por meio de corte de impostos.
Os preços do carro zero têm subido acima da inflação, marcando um período do mercado sem os chamados “carros populares”. Hoje, os modelos novos mais baratos no Brasil custam quase R$ 69 mil.
Segundo Alckmin, as medidas valem somente para carros zero com preço de até R$ 120 mil. O desconto de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e PIS/Cofins irá variar de acordo com três critérios:
- carros mais baratos terão desconto maior
- modelos menos poluentes terão desconto maior
- será privilegiada a produção nacional (ou seja, componentes fabricados no Brasil), levando em conta a densidade industrial
Antes de editar a MP, será necessário um parecer do Ministério da Fazenda sobre o impacto fiscal, o que deve levar cerca de 15 dias, ainda de acordo com o vice-presidente. “Temos duas semanas para fechar a questão tributária”, disse Alckmin.
Inicialmente Alckmin havia afirmado que o desconto máximo seria de 10,79%, mas o governo informou em comunicado posterior que o desconto pode chegar a 10,96%.
*Com informações da agência Estado
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