O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Kevin Hassett e Kevin Warsh são seus principais candidatos para liderar o Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Além disso, Trump expressou a expectativa de que o próximo presidente da instituição o consulte sobre as taxas de juros, o que quebraria uma tradição de independência da autoridade.

Em entrevista ao Wall Street Journal na sexta-feira (12), Trump indicou que Warsh, ex-diretor do Fed, subiu na lista de cotados e agora representaria um desafio para Hassett, chefe do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, que era visto por muitos como o favorito.

“Eu acho que os dois Kevins são ótimos”, disse o presidente. “Acho que há algumas outras pessoas que são ótimas.”

Trump já havia sinalizado que tinha se decidido, afirmando na segunda-feira que tinha uma “ideia muito boa” de quem indicaria. No entanto, os comentários mais recentes sugerem que o processo de seleção ainda está em aberto.

Trump se reuniu com Warsh na quarta-feira. Não está claro se o presidente planeja entrevistar outros candidatos para o cargo.

O presidente disse que Warsh lhe comunicou que os custos de empréstimo (taxas de juros) deveriam ser mais baixos.

Independência ameaçada

Mais tarde, no Salão Oval, Trump declarou que o próximo presidente do Fed deveria consultá-lo sobre as taxas de juros, um movimento que subverteria a tradição de independência da autoridade monetária americana.

“Eu tive muito sucesso, e acho que meu papel deveria ser, pelo menos, o de recomendar — eles não precisam seguir o que eu digo”, disse Trump a repórteres, acrescentando que esperava fazer uma escolha “nas próximas semanas”.

“Acho que minha voz deve ser ouvida, mas não vou tomar a decisão com base nisso”, continuou.

Mercado observa a corrida

O CEO do JPMorgan Chase & Co., Jamie Dimon, disse na quinta-feira que via Hassett como mais propenso a cortar as taxas no curto prazo. Por outro lado, ele concordou com os escritos de Warsh sobre o Fed, informou o Financial Times, citando fontes familiarizadas com o assunto. Dimon falava em um evento fechado do banco para CEOs de gestão de ativos em Nova York.

Warsh “seria um grande presidente”, citou Dimon elogiando o ex-diretor posteriormente no mesmo evento.

Trump tem se movimentado para tentar impor controle sobre o banco central em seu segundo mandato, expressando frustração pelo Fed não ter reduzido os custos de empréstimo de forma mais agressiva sob o comando do atual presidente, Jerome Powell.

Na entrevista ao WSJ, Trump defendeu um corte agressivo das taxas, dizendo que elas deveriam estar em “1% e talvez mais baixas do que isso”.

O Fed, na quarta-feira, baixou sua taxa básica de juros para a faixa entre 3,5% e 3,75%, seu terceiro corte em igual número de reuniões. Três diretores do banco central se opuseram à decisão do Federal Open Market Committee (Fomc).