O presidente americano Donald Trump anunciou neste domingo a imposição de tarifas e restrições de viagens contra a Colômbia. As iniciativas ocorreram depois que o país sul-americano recusou o pouso de dois aviões transportando migrantes deportados dos Estados Unidos.

Em uma publicação nas redes sociais, Trump informou que ordenou uma tarifa emergencial de 25% sobre todos os produtos colombianos importados pelos EUA, com aumento para 50% em uma semana. Entre os principais produtos exportados pela Colômbia estão petróleo, ouro, café e flores, de acordo com a autoridade fiscal do país.

Além disso, Trump decretou a revogação imediata de vistos para autoridades do governo colombiano, aliados e apoiadores, bem como sanções de visto contra membros do partido, familiares e apoiadores do governo do presidente Gustavo Petro.

“A recusa de Petro em aceitar esses voos colocou em risco a segurança nacional e a segurança pública dos Estados Unidos”, afirmou Trump.

Petro, por sua vez, declarou mais cedo que rejeitaria voos dos EUA com migrantes, a menos que estes fossem tratados com dignidade, e não como criminosos. Na última sexta-feira, o Brasil recebeu 88 migrantes que chegaram algemados e com restrições nos pés.

Em comunicado, a Colômbia afirmou que ofereceria o avião presidencial para organizar os voos de repatriação, considerando degradante o uso de aviões militares para transportar os deportados.

Embora a maioria dos países sul-americanos faça hoje mais negócios com a China, os EUA continuam sendo o maior parceiro comercial da Colômbia. Entre janeiro e novembro de 2024, as exportações colombianas para os EUA chegaram a US$ 13 bilhões, um aumento de quase 8% em relação ao mesmo período de 2023. Além disso, colombianos residentes nos EUA fortalecem laços culturais e contribuem significativamente com remessas financeiras ao país.

Os Estados Unidos são o quarto maior destino do petróleo colombiano, superando a Arábia Saudita e o Brasil, segundo dados da Agência de Informação de Energia dos EUA. A Colômbia exporta mais de 215 mil barris de petróleo bruto diariamente para portos norte-americanos. Cerca de 29% das exportações colombianas têm os EUA como destino.

Trump também anunciou inspeções mais rigorosas pela alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA para todos os cidadãos e cargas colombianas, citando razões de segurança nacional. Ele afirmou que sanções financeiras e bancárias serão implementadas integralmente sob sua autoridade executiva.

Essa medida reflete a estratégia de Trump de usar tarifas como ferramenta econômica contra governos que desafiam seus objetivos geopolíticos, enviando uma mensagem clara de que nem mesmo aliados históricos estão isentos de represálias caso não cooperem.

A Colômbia, historicamente um dos maiores aliados de Washington na América Latina e receptora de assistência militar e financeira dos EUA, agora enfrenta um cenário de tensões agravadas. Petro, um dos líderes de esquerda mais influentes da região, já vinha em atrito com Trump devido à aproximação com a China e suas críticas a Israel durante o conflito em Gaza.

“O posicionamento de Petro foi um erro e uma briga que ele não pode ganhar”, afirmou Sergio Guzmán, analista da consultoria Colombia Risk Analysis. “Postagens em redes sociais têm consequências, e será um momento difícil para a Colômbia, com repercussões reais.”

As tensões surgem em um momento delicado para setores-chave da economia colombiana, como o de flores, especialmente com o Dia dos Namorados se aproximando, período de alta demanda no mercado americano.

Além disso, a relação bilateral já estava em risco após ataques do grupo guerrilheiro ELN, que recentemente realizou ações violentas na região de Catatumbo, próxima à fronteira com a Venezuela, uma importante zona de produção de cocaína. Essa situação pode levar à desclassificação da Colômbia como parceira dos EUA na guerra às drogas, colocando o país na mesma categoria de isolamento de Nicolás Maduro, ainda que o impacto seja mais reputacional do que financeiro.

A Casa Branca informou que, em seus primeiros 100 dias, deteve 538 imigrantes ilegais e iniciou o uso de aeronaves militares para realizar deportações.