A Argentina está em melhor posição do que a França para colher os benefícios econômicos que normalmente acompanham uma vitória na Copa do Mundo, de acordo com um acadêmico que estudou o histórico da competição.
O campeão da Copa tende a conseguir um crescimento extra do PIB de 0,25 ponto percentual nos dois trimestres seguintes ao torneio, segundo um estudo recente de Marco Mello, da Universidade de Surrey, no Reino Unido.
Isso se deve principalmente ao aumento das exportações, porque o vencedor tem maior visibilidade internacional, disse Mello em entrevista. Sua pesquisa mostrou um salto descomunal nas vendas externas do Brasil após a conquista da Copa do Mundo de 2002, por exemplo.
E avalia que, entre os finalistas que buscam levantar a taça da Copa neste domingo – jogo que deve ser visto por metade do planeta –, a Argentina, com perfil exportador semelhante, tem mais chances de conseguir esse tipo de impulso.
“Se há um dos dois países que podem se beneficiar, assim como o Brasil, é a Argentina, e não a França”, diz Mello, pesquisador de pós-doutorado em Surrey. Além disso, “pode haver um efeito menos pronunciado para a França, porque é a atual campeã, por isso torna-se menos surpreendente”.
Exemplo da Espanha
Outra mudança, diz Mello, é a época em que o torneio foi realizado este ano no Catar – no inverno do hemisfério norte, ao contrário das Copas anteriores – o que pode influenciar os efeitos econômicos de vencer a competição.
Estudos anteriores também mostraram que o sucesso no maior evento esportivo do mundo pode acelerar o crescimento econômico. O simples fato de chegar às quartas de final tende a gerar um aumento das exportações e uma diversificação do comércio, de acordo com um estudo de 2014 – o que pode ser uma boa notícia para o Marrocos, a “zebra” nas semifinais deste ano e, em menor escala, para a Croácia.
Ainda assim, o cenário econômico não é animador para nenhum dos finalistas.
A França enfrenta uma crise de energia e uma onda de greves. Na Argentina, a inflação está próxima de 100% e uma seca ameaça reduzir as exportações das safras no ano que vem.
A história sugere que problemas econômicos pré-existentes podem limitar quaisquer ganhos que venham com a vitória na Copa do Mundo, diz Mello.
“Se há um país nas últimas Copas do Mundo que não se beneficiou muito com a conquista foi a Espanha em 2010, quando houve a crise da dívida soberana”, explica. “Essa crise de custo de vida e potencial recessão que se aproxima podem mascarar os possíveis efeitos de vencer a Copa do Mundo.”
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