Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) – As vendas varejistas no Brasil tiveram em dezembro a maior queda em um ano e bem acima do esperado apesar da temporada de Natal, mas ainda assim fecharam 2023 em aceleração.
Em dezembro as vendas tiveram queda de 1,3% na comparação com o mês anterior, marcando o recuo mais acentuado desde dezembro de 2022 (-1,9%).
A leitura divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de retração de 0,2%.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas apresentaram alta de 1,3%, contra expectativa de avanço de 2,9%..
Com isso, o setor fechou 2023 com aumento acumulado no volume de vendas de 1,7%, uma melhora em relação à taxa de 1,0% de 2022 e a mais alta desde 2019 (+1,8%).
O varejo brasileiro, no entanto, passou o ano passado sem conseguir apresentar grande ímpeto, rondando a estabilidade na maioria dos meses.
De um lado o mercado de trabalho aquecido e a inflação em baixa favoreceram as vendas, mas de outro pesaram os juros elevados, que restringe o crédito.
Entre as oito atividades pesquisadas, seis apresentaram desempenho negativo em dezembro na comparação com o mês anterior, com destaque para Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-13,1%), Móveis e eletrodomésticos (-7,0%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,8%).
Cristiano Santos, gerente da pesquisa, avalia que esse desempenho se dá por conta da Black Friday, em novembro.
“As pessoas atrasam as compras de outubro e adiantam as de dezembro por causa desse período”, disse ele.
Os dois grupos que tiveram taxa positiva no mês foram Combustíveis e lubrificantes (1,5%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%).
O comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, teve queda de 1,1% nas vendas em dezembro, mas fechou 2023 com alta acumulada de 2,4%.
No ano como um todo, sete das onze atividades pesquisadas no âmbito do varejo ampliado fecharam o ano no campo positivo.
Os maiores resultados foram registrados por Veículos e motos, partes e peças (8,1%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (4,7%), Combustíveis e lubrificantes (3,9%), e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,7%).
“O crescimento em Veículos e motos, partes e peças representa uma retomada do setor, que passou um tempo com poucas receitas, principalmente depois da pandemia. O setor observou uma queda muito grande e uma recuperação muito lenta após vários fechamentos nos anos anteriores”, disse o gerente da pesquisa.
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