O varejo no Brasil registrou estabilidade das vendas em junho em comparação com o mês anterior, destacando uma perda de ritmo desde o início do ano em meio às pressões da política monetária restritiva. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, o comércio varejista do país está 3,3% abaixo do pico da série (outubro de 2020), mas 3% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).
O resultado frustrou as expectativas de parte do mercado. Segundo pesquisa feita pela Reuters, a projeção era de avanço de 0,4%.
Mas o economista Andre Perfeito destaca que, para ele, o resultado veio melhor que o esperado, apontando ainda que este é o primeiro resultado do segundo trimestre que não veio no negativo. Em abril, o setor havia caído 0,1% e em maio, 0,7%. Ele comenta, no entanto, o impacto que o desempenho do varejo deve ter sobre os números do Produto Interno Bruto (PIB).
“O resultado veio melhor que as estimativas que projetavam queda de 0,2% no mês, mas os números sugerem que de fato o PIB do segundo trimestre deve apresentar queda – o que, no mais, é esperado:. Afinal, o PIB do primeiro trimestre foi de robusto, (com alta de) 1,9%, não é razoável supor uma alta continuada do indicador na margem”.
andré perfeito, economista
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Especialistas apontam que a piora das condições de crédito com os juros altos vem impactando o setor varejista, mesmo com medidas de transferência de renda do governo e algum arrefecimento da inflação.
O Banco Central cortou na semana passada a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, nível que ainda dificulta a oferta de crédito e afeta o varejo, bens de maior valor agregado.
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Outros números da pesquisa
Apesar da estabilidade na comparação mensal, os dados do IBGE mostram que o varejo teve alta de 1,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, contra expectativa de avanço de 0,35%.
No primeiro semestre, o setor acumula ganho de 1,3% em relação ao igual período de 2022, de acordo com o IBGE.
“O primeiro semestre fecha em alta muito por conta do crescimento concentrado em janeiro, quando foi de 4,1%. Depois de janeiro, os resultados são mais tímidos, com variações mais próximas a 0%”.
Cristiano Santos, GERENTE DA PESQUISA
Entre as oito atividades pesquisadas, em junho tiveram crescimento Tecidos, vestuário e calçados (1,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%) e Móveis e eletrodomésticos (0,8%).
Na ponta negativa ficaram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,7%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,6%).
O varejo ampliado subiu 1,2% na comparação mensal, com destaque para a alta de 8,5% nas vendas de veículos, motos, partes e peças, compensando a queda de 0,3% em material de construção.
*Com informações da Reuters
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