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Finanças

Adeus, superstições: as 10 ações que mais subiram e caíram em maio

O mês em que o Ibovespa contrariou o “sell in may and go away” e Bolsonaro contrariou as expectativas com o vídeo ministerial

ações

Fechando mais um mês atípico em um ano mais atípico ainda, o Ibovespa, principal índice da B3, contrariou a maldição de maio, conhecida como “sell in may and go away” – ditado que faz referência a superstição do mercado financeiro na qual o mês de maio, que é quando ocorrem as férias escolares nos EUA, se traduz na época de maior queda das bolsas americanas e também brasileiras. Segundo uma pesquisa da Levante, nos últimos 19 anos, o Ibovespa teve 14 meses de maio negativos e apenas 5 positivos. Contudo, 2020 foi diferente, e longe de ter um desempenho ruim, a bolsa de valores disparou 8,57% e a maldição foi quebrada.

Além dos investidores quebrarem o sell in may and go away (venda em maio e vá embora), o vídeo da reunião ministerial que seria a carta de muitos para acabar com Bolsonaro também desafiou as esperanças de muitos e saiu pela culatra. “Enquanto alguns esperavam uma bala de prata contra Bolsonaro, o vídeo só aumentou mais a popularidade dele entre os seguidores”, explica Murilo Breder, analista de ações da Levante Investimentos.

Segundo Breder, no vídeo ficou claro o alinhamento entre Bolsonaro e Guedes, mostrando que o presidente respeita o ministro da Economia, mesmo em reuniões fechadas, e o mercado gostou disso.

A fala de Guedes sobre querer privatizar o Banco do Brasil também animou os investidores fazendo as ações do banco público dispararem. “Só na segunda o Ibovespa teve forte alta, e somado a isso houve o veto de Bolsonaro para o reajuste salarial de servidores públicos, o que reforça que o governo estaria se alinhando com o centrão”, aponta Breder.

Com o universo contrariado o curso natural das coisas, o mercado ainda se questiona se a bolsa de valores passa por um distanciamento da realidade econômica. Enquanto o PIB cai e o desemprego aumenta, a bolsa sobe.

Destaques positivos

O destaque positivo do mês de maio foi da Via Varejo (VVAR3) que acumulou alta de 34,97%. Segundo Breder, a empresa é reconhecida pelo investidor pela tentativa de crescer no online, imitando Magazine Luiza, contudo o analista aponta que apesar do forte crescimento das últimas semanas, este seria um movimento forçado. “O resultado da companhia comprova que a Via Varejo está conseguindo vender, porém o mercado não vai a esperar que a varejista arrume a casa”, explica e reforça que as concorrentes Magazine Luiza e B2W também estão fortes no online.

Além da tentativa de recuperação, pesou a forte queda que o papel teve em março e só começou a se recuperar em abril e maio. “Via Varejo é uma ação em estruturação que acompanha o movimento do mercado, se a bolsa sobe com força, a ação vai subir também”, explica.

Para Breder outro fato que aumentou a esperança do investidor é o boato de um possível follow on da Via Varejo, que ainda não foi confirmado oficialmente pela companhia, mas que foi muito bem recebido pelo mercado.

A Sabesp (SBSP3), foi a segunda maior alta do mês e avançou 34,63% no acumulado de maio. A companhia pegou carona na notícia de que a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) pode ser privatizada, segundo o comunicado em fato relevante, o que animou os investidores. “Apesar das dificuldades para concretizar a privatização da Copasa, que passam pelo marco de saneamento, o investidor sabe que é mais fácil a Sabesp ser privatizada, ilusão que é nutrida pelo mercado”, afirma o analista.

A terceira maior alta de maio foi da Braskem (BRKM5) que subiu 30,56%. A companhia avançou após um fluxo de notícias positivas nas últimas semanas começando pelo anúncio de Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, de que pretende se desfazer da sua participação na petroquímica até o começo de 2021. Na sequência, animou ainda mais as ações da companhia uma recomendação feita pelo Banco de Investimentos UBS, que apontou que “Braskem tem capacidade de enfrentar o pior cenário”, o que fez as ações dispararem. “Uma recomendação do UBS ajuda muito porque falamos de dinheiro estrangeiro, e eles foram contundentes na fala”, aponta Breder.

Apesar de todas as boas notícias, hoje a Braskem caiu mais de 4% com o anúncio de novas medidas feitas pela empresa, como corte de investimentos, para lidar com a pandemia. Mas, a notícia negativa não opacou os avanços positivos ao longo do mês.

A quarta maior alta do mês foi da Magazine Luiza (MGLU3), que avançou 30,18%. Breder explica que o ponto forte para a companhia foi a divulgação do balanço na segunda-feira (25), que apesar de ter um lucro líquido, que na verdade foi um prejuízo, perdendo 70% em comparação a 2019, o investidor enxergou como positivo por causa do forte incremento das vendas no e-commerce. “Magalu está muito ativa no online e o mercado não está precificando apenas uma empresa de varejo e sim sua tecnologia, é por isso que o mercado gostou de ver e influenciou na forte alta das ações”.

Confira as 10 ações que mais subiram no acumulado de maio:

Ação Alta
Via Varejo (VVAR3)34.97%
SABESP (SBSP3)34.63%
Braskem (BRKM5)30.56%
Magazine Luiza (MGLU3)30.18%
Usiminas (USIM5)27.29%
EcoRodovias (ECOR3)23.74%
B2W Digital (BTOW3)23.62%
Gerdau (GGBR4)19.81%
Grupo CCR (CCRO3) 19.43%
B3 SA (B3SA3)18.71%

Destaques negativos

Enquanto as maldições se quebram, para alguns nem isso é suficiente para tirar o azar. É o caso da IRB Brasil (IRBR3), que continua com sua história de baixos e quase nenhum alto. A companhia foi a maior queda do mês de maio, recuando 21,23%. Só neste mês, a resseguradora foi alvo de uma investigação especial da Susep, um inquérito da CVM e viveu uma verdadeira dança das cadeiras, com muitos conselheiros abandonando o barco.

Mas, no fundo do túnel houve uma luz, com a indicação de Ellen Gracie, ex-ministra do STF, reconhecida pela sua ampla experiência no meio jurídico e financeiro, para integrar o Conselho de Administração da IRB. A decisão, que ainda deve ser corroborada em assembleia em junho, animou os investidores. “Ellen é uma pessoa que participou de investigações da Petrobras e a Vale, conhece o mercado financeiro, e pode melhorar a vida da IRB Brasil”, avalia Breder.

Outra das azaradas foi a Azul (AZUL4), segunda maior queda do mês, que caiu 18,05%. Para Breder a ‘situação da azul, na verdade está preta’, especialmente com a queda de receita. No balanço do primeiro trimestre divulgado em abril, a companhia teve prejuízo de R$ 6,1 bi, e também teve o rating rebaixado pela S&P. Em maio, a Azul foi uma das maiores quedas do Ibovespa, para o analista só com a ajuda do governo existirá uma saída para as aéreas.

Junto com o caos da Azul, surge também a Embraer (EMBR3), que recuou 14,10%. A fabricante de aviões sofreu com o fim da parceria com a Boeing e também com a falta de demanda das companhias aéreas, que além de deixar de comprar da Embraer estão também devolvendo aviões, como foi com Azul.

Apesar de tudo, Breder comenta que está semana um rumor de possível interesse de chineses e russos em comprar a Embraer, teria feito as ações dispararem. Mas, a companhia continua com a marca de volatilidade e incerteza cravada na testa.

Ainda entre as maiores quedas de maio está a Cia Hering (HGTX3), que foi pega pela pandemia de ‘calça-curta’, e recuou 10,70% no acumulado do mês. “A companhia já estava mal antes da crise, e depende muito de lojas físicas, e o investidor sabe disso. Cia Hering adiou o balanço várias vezes, e quando saiu finalmente o resultado, houve uma queda de 27% na receita e o lucro caiu 90%, e o boato virou fato, o mercado tinha precificado o caos da empresa”, explica Breder. Prova disso foram as ações que ficaram no zero a zero. Para o analista, a instabilidade com a retomada da economia nos estados impacta diretamente a Hering, que precisa das lojas físicas para tentar se reerguer. “Comprar roupa online ainda não é uma das preferências dos consumidores, a situação da Hering não era das melhores, por isso ela sofre mais neste contexto”, conclui.

Confira as 10 ações que mais caíram no acumulado de maio:

Ação Queda
IRB Brasil (IRBR3)-21.23%
Azul (AZUL4)-18.05%
Embraer (EMBR3)-14.10%
CIA Hering (HGTX3) -10.70%
Atacadão (CRFB3)-9.20%
JBS (JBSS3)-7.93%
Qualicorp (QUAL3)-7.51%
Cogna (COGN3) -6.68%
YDUQS (YDUQ3)-6.10%
Brasileira de Distribuição (PCAR3) -5.88%

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