O Itaú BBA alertou em relatório enviado ao mercado na tarde desta quarta-feira (01) que a petroleira PRIO (PRIO3) poderá ser a mais afetada no universo “júnior”, após o governo ter anunciado na véspera um imposto de 4 meses para exportações de óleo cru. A alíquota passou de 0 para 9,2%.
Isso porque a empresa vende para o mercado internacional toda a sua produção de petróleo. Na mínima do dia até agora, os papéis da companhia chegaram a recuar próximo de 7%.
Entre as demais empresas que fazem parte de seu universo de cobertura, o Itaú espera que a Petrobras (PETR4) arque com o maior impacto dessa tributação. Em contrapartida, os analistas reiteraram que a 3R Petroleum (RRRP3) vende toda a sua produção no mercado interno e “é improvável que seja diretamente afetada”, pelo menos, imediatamente.
“Esta medida implicará efeitos negativos imediatos para a maioria das empresas petrolíferas que operam no Brasil e, se prorrogada, poderá implicar efeitos nocivos a longo prazo para o desenvolvimento do setor upstream no país”, escreveram os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello.
Na mínima do dia, as ações da 3R Petroleum chegaram a cair 15%, enquanto os papéis da Petrobras recuaram 4,16%.
Decisão do governo
A decisão de taxar as empresas foi tomada pelo governo como forma de compensar a retomada dos impostos federais sobre os combustíveis a um valor menor se comparado aos tributos que valiam antes da desoneração aplicada ainda no governo de Jair Bolsonaro.
Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello, do Itaú, escreveram que o anúncio deste imposto foi a grande surpresa.
“Esses eventos, que levam ao compartilhamento da carga fiscal do governo com a indústria de petróleo e gás setor, intensifica nossa preocupação com o futuro da política de preços da Petrobras e agrega um novo elemento de risco relativo ao regime de tributação do setor. A nosso ver, esse risco extra implica um tom negativo para as petrolíferas independentes em nossa cobertura”.
Ao mencionar que a autonomia da Petrobras para fixar preços tem sido duramente criticada publicamente, a equipe sinalizou que sua preocupação preexistente com o futuro da política de preços da empresa se intensificou, “uma vez que itens como a probabilidade de mudanças estruturais negativas, a exemplo do regime de tributação, ainda não estão refletidos nas estimativas de valor justo para a empresa (dada a nossa incerteza sobre quais outras mudanças podem ser estabelecidas)”.
Venda de ativos
No pregão desta quarta-feira, as ações da 3R Petroleum caíram mais de 10% – a segunda maior baixa do Ibovespa – isso porque, a Petrobras informou que recebeu o Ofício do Ministério de Minas e Energia (MME) ontem solicitando a suspensão das alienações de ativos pela companhia por 90 dias.
A decisão, portanto, afeta companhias que compram esses ativos como é o caso da 3R. “A 3R teve ontem a aprovação da ANP para aquisição de Potigar, que é um polo da Petrobras e a próxima etapa seria a aprovação pelo Ibama, essa é uma das aquisições pendentes”, explica Murilo Breder, analista de investimentos da NuInvest.
Esse anúncio, avaliou Breder, aumentou as incertezas sobre as próximas vendas de ativos, porém o especialista lembrou que os contratos já estão assinados e que há cláusulas punitivas, caso qualquer parte desista das vendas. Confira mais informações abaixo:
Entenda a decisão
Na terça-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a volta da cobrança de impostos federais sobre os combustíveis. A partir de hoje, a gasolina passou a sofrer reoneração sobre o preço final de R$ 0,47 por litro. O etanol de R$ 0,02 por litro.
O valor é menor do que os impostos que valiam antes da desoneração aplicada ainda no governo de Jair Bolsonaro.
Haddad apontou que a alíquota para a gasolina era de R$ 0,69 e do etanol, de R$ 0,24.
Segundo Haddad, com a reoneração de R$ 0,47 da gasolina e a queda de preço de R$ 0,13 nos preços praticados pela Petrobras, anuncio também feito na véspera ara mitigar o impacto da devolução de tributos federais sobre a bomba preços, o consumidor deve sentir um impacto nas bombas de R$ 0,34 de aumento.
Para o diesel, no entanto, o ministro afirmou que deve haver queda de preços, pois não houve reoneração e a Petrobras, por sua vez, anunciou recuo de R$ 0,08 de preços.
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