O UBS acertou a compra do banco rival suíço Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços (3,23 bilhões de dólares) em ações e concordou em assumir até 5 bilhões de francos em perdas, em uma fusão projetada pelas autoridades suíças para evitar mais turbulências no mercado bancário global.
Em um sinal de uma resposta global coordenada, o Banco Central Europeu (BCE) prometeu apoiar os bancos da zona do euro com empréstimos, se necessário, acrescentando que o resgate do Credit Suisse foi “decisivo” para restaurar a calma.
O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, e a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, mostraram satisfação com o anúncio das autoridades suíças de apoio à estabilidade financeira.
O acordo de compra do Credit Suisse pelo UBS inclui 100 bilhões de francos suíços em assistência de liquidez do banco central suíço para os dois bancos.
Para possibilitar que o UBS assuma o Credit Suisse, o governo federal está oferecendo uma garantia de perda de no máximo 9 bilhões de francos suíços para uma parte claramente definida do portfólio, disse o governo.
Isso será ativado se as perdas forem realmente incorridas nessa carteira. Nessa eventualidade, o UBS assumiria os primeiros 5 bilhões de francos, o governo federal os próximos 9 bilhões de francos e o UBS assumiria quaisquer perdas adicionais, disse o governo.
A agência reguladora da Suíça FINMA disse que havia o risco de que o Credit Suisse pudesse se tornar “ilíquido, mesmo que permanecesse solvente, e era necessário que as autoridades tomassem medidas”.
As ações adicionais de nível 1 do Credit Suisse com um valor nominal de cerca de 16 bilhões de francos (17,2 bilhões de dólares) serão totalmente amortizadas depois que o governo suíço forneceu apoio à aquisição do Credit Suisse pelo UBS, informou a FINMA.
O Credit Suisse, de 167 anos, tem sido o maior nome envolvido na turbulência do mercado desencadeada pelo recente colapso dos bancos americanos Silicon Valley Bank e Signature Bank, forçando-o a captar 54 bilhões de dólares em financiamento do banco central na semana passada.
“Com a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, foi encontrada uma solução para garantir a estabilidade financeira e proteger a economia suíça nesta situação excepcional”, disse o banco central suíço.
As autoridades estavam lutando para resgatar o Credit Suisse, um dos maiores gestores de patrimônio do mundo, antes da reabertura dos mercados financeiros na segunda-feira.
O UBS e o Credit Suisse estão ambos em um grupo de 30 bancos globais sistemicamente importantes observados de perto pelos reguladores, e a falência do Credit Suisse se espalharia por todo o sistema financeiro.
O anúncio veio em um fim de semana decisivo, depois que alguns rivais ficaram cautelosos em suas negociações com o banco suíço em dificuldades, e seus reguladores o instaram a buscar um acordo com o UBS.
A FINMA, que disse ter aprovado a aquisição, disse que medidas recentes para se estabilizar “não foram suficientes para restaurar a confiança no banco, no entanto, e opções de maior alcance também foram examinadas”.
A situação dos dois bancos divergiu acentuadamente no ano passado. O UBS teve lucro de 7,6 bilhões de dólares em 2022, enquanto o Credit Suisse teve prejuízo de 7,9 bilhões de dólares. As ações do Credit Suisse caíram 74% em relação a um ano atrás, enquanto as do UBS estão relativamente estáveis.
O governo suíço disse que também estava dando ao UBS uma garantia de 9 bilhões de francos suíços “assumindo perdas potenciais” de ativos como parte da transação.
O presidente-executivo do UBS, Ralph Hamers, e o presidente do conselho, Colm Kelleher, permanecerão no comando do banco combinado.
“A transação reforça a posição do UBS como banco universal líder na Suíça”, disse o UBS.
O UBS espera que a combinação dos dois negócios gere reduções de custos anuais de mais de US$ 8 bilhões até 2027. Segundo a instituição suíça, a expectativa é de que a transação gere lucro por ação até 2027 e o banco “permaneça capitalizado” bem acima de sua meta de 13%.
O UBS informa que não sé necessário submeter a transação aos acionistas do banco. Isso porque o negócio já conta com um pré-acordo do BC da Suíça, da FINMA e do Departamento Federal Suíço de Finanças.
Após compra, EUA elogiam apoio à estabilidade financeira
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, elogiaram os anúncios das autoridades suíças para apoiar a estabilidade financeira após o UBS ter chegado a um acordo para comprar o Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,25 bilhões) neste domingo, 19. O acordo foi costurado pelas autoridades suíças, e o presidente do país, Alain Berset, confirmou a aquisição em entrevista coletiva.
O BC da Suíça vai fornecer um empréstimo de 100 bilhões de francos suíços (US$ 108 bilhões) apoiados por uma garantia de inadimplência federal para apoiar a venda do Credit ao UBS, que deve ser concluída até o fim do ano.
“Saudamos os anúncios das autoridades suíças hoje para apoiar a estabilidade financeira. As posições de capital e liquidez do sistema bancário dos EUA são fortes, e o sistema financeiro norte-americano é resiliente. Mantivemos contato próximo com nossas contrapartes internacionais para apoiar a sua implementação”, disseram Yellen e Powell, em comunicado.
BCE elogia ‘ação rápida’
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, elogiou, em nota, “a ação rápida” e as decisões tomadas pelas autoridades suíças que, segundo ela, foram “fundamentais” para garantir estabilidade financeira. O UBS anunciou a compra do Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,25 bilhões) no domingo, 19. O acordo foi costurado por autoridades suíças, e o presidente do país, Alain Berset, confirmou a aquisição em entrevista coletiva. O BC da Suíça vai fornecer um empréstimo de 100 bilhões de francos suíços (US$ 108 bilhões) para apoiar a operação, que deve ser concluída até o fim do ano.
“Saúdo a ação rápida e as decisões tomadas pelas autoridades suíças. Elas são fundamentais para restaurar condições de mercado ordenadas e garantir a estabilidade financeira”, disse Lagarde, no comunicado. “O setor bancário da zona do euro é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez. Em todo caso, nosso kit de ferramentas de políticas está totalmente equipado para fornecer suporte de liquidez ao sistema financeiro da zona do euro, se necessário, e para preservar a transmissão suave da política monetária.”
UBS suspende recompra de ações
O UBS decidiu suspender o seu plano de recompra de ações após o anúncio da compra do rival Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços, cerca de US$ 3,25 bilhões. A política de distribuição de dividendos do banco, porém, será mantida intacta, segundo o chairman do UBS, Colm Kelleher.
“É um dia histórico. Na Suíça é um dia que, francamente, esperávamos que não viesse”, disse ele, ao iniciar teleconferência com analistas para comentar a compra do Credit Suisse, neste domingo.
Kelleher reforçou que, a despeito da aquisição do Credit, o UBS segue “firmemente comprometido” com sua estratégia de crescimento orgânico. Ele afirmou que vários eventos nas últimas semanas instaram o UBS a considerar uma aquisição do Credit Suisse, motivada por órgãos reguladores da Suíça, para preservar a estabilidade financeira global.
Como consequência à aquisição, ele anunciou que no curto prazo, resultará na suspensão temporária de programa de recompra de ações do UBS. “Embora nossa política progressiva de dividendos permaneça intacta”, acrescentou o chairman do banco.
Kelleher afirmou ainda que, embora o UBS não tenha iniciado as discussões com o Credit, o banco considera a transação “financeiramente atraente” para os seus acionistas. De acordo com ele, a transação foi estabelecida de uma forma que vai proteger o banco de perdas adicionais e deve apoiar o crescimento dos lucros ao longo do tempo, fora que os termos da transação têm total apoio de os reguladores relevantes e assegura a estabilidade financeira para todos os nossos stakeholders.
“Isso inclui suporte de liquidez muito significativo fornecido pelo Swiss National Bank”, acrescentou.
Com Reuters e agência Estado
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