Finanças
Ação da Dotz devolve ganhos e fecha com leve alta em dia de estreia na B3
Companhia de serviços de fidelidade movimentou R$ 420 milhões em oferta restrita.
Após idas e vindas em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa de programas de fidelidade Dotz (DOTZ3) estreou seus papéis em forte alta no mercado à vista da B3 nesta segunda-feira (31), mas devolveu os ganhos ao longo dia dia, fechando em leve alta de 0,12%, em R$ 13,22 por ação. Mais cedo, a alta superou 13%.
A estreia da Dotz na bolsa brasileira acontece após movimentar uma quantia abaixo do esperado, em uma oferta restrita realizada na semana passada. Na prática, apenas investidores profissionais, com R$ 10 milhões investidos, puderam participar da emissão das ações. Mais da metade da demanda (55%) veio de investidores locais.
Na última quarta-feira (26), a Dotz anunciou que retomaria seu IPO, após ter suspendido a emissão até 6 de agosto.
A companhia precificou sua ação a R$ 13,20 no IPO, no piso da faixa indicativa, que ficou entre R$ 13,20 e R$ 16,20. Foram ofertadas 29,6 milhões de ações ordinárias.
A Dotz movimentou R$ 420 milhões na oferta pública, que foi 100% primária (quando todos os recursos vão para o caixa da companhia). Inicialmente, a expectativa era que a empresa movimentasse cerca de R$ 815 milhões com a oferta que incluía investidores pessoas física.
Após a operação, a empresa foi avaliada em R$ 1,75 bilhão. Segundo a Dotz, metade do valor captado no IPO será destinada ao capital social da companhia, ao passo que o restante vai reforçar sua reserva de capital.
Base de clientes e prejuízo
Criado em 2013, o programa de fidelidade da Dotz consiste em acumular pontos para serem trocados por produtos e serviços. No ano passado, a empresa tinha uma base de 9 milhões de clientes ativos movimentando R$ 23 bilhões.
A princípio, a companhia surgiu com o nome Kassel Empreendimentos e Participações, e somente mudou a nomenclatura para Dotz em 2020. Por meio de seu ecossistema, consumidores realizam transações e pagamentos (TechFin) em mais de 5.000 pontos de venda da coalizão offline (supermercados, farmácias, postos de gasolina e outros) e online (marketplace).
No dia 17 de maio, a companhia divulgou um prejuízo líquido de R$ 22,067 milhões no primeiro trimestre. Apesar do resultado negativo, ele veio 19,1% melhor em relação à perda de R$ 27,2 milhões no mesmo período do ano anterior.
Desafios para a Dotz
A baixa barreira de entrada, aliada à acirrada competição com grandes players e com robusta capacidade financeira, é um dos maiores desafios para a companhia, ressaltou a Suno Research.
“Isso porque, considerando seu nicho de mercado, a Dotz compete com grandes varejistas e grandes instituições financeiras”, ressaltaram os analistas Rodrigo Wainberg e João Daronco em relatório sobre a companhia.
Ainda segundo os especialistas, não há garantia de que a companhia consiga superar esses desafios, principalmente diante da elevada dívida que ela possui. “Além disso, uma grande quantidade dos prêmios emitidos está concentrada na Livelo e no Banco do Brasil (mais de 50%). Deste modo, caso a Dotz não consiga manter essa parceria, haverá um impacto financeiro relevante”, conclui o relatório.
Antes da suspensão do IPO para pessoas físicas, a Suno não recomendava a entrada na operação, considerando o segmento altamente competitivo e o endividamento “considerável em relação à geração de caixa, aliado a um valuation pouco atrativo (sem margem de segurança)”.
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