As ações dos grandes bancos aparecem entre os piores desempenhos do Ibovespa no primeiro mês de 2020. Mas desde o ano passado, as quatro maiores instituições financeiras da B3 vêm deixando a desejar quando o assunto é a valorização de seus papéis.
Até o fechamento desta quinta-feira (30), o Itaú Unibanco (ITUB4) acumulava uma desvalorização de 9,84%. O banco Bradesco (BBDC4) recuava 7,52%, o Santander Brasil (SANB11) perdia 9,24% e o Banco do Brasil (BBAS3), 5,72%. Foi um comportamento inferior ao do Ibovespa, que cedia 0,10%.
Nem os lucros crescentes estão satisfazendo as expectativas dos investidores. A exemplo de outras instituições financeiras em trimestres anteriores, as ações do Santander caíram 1,86% na quarta-feira (30), dia em que o banco divulgou um lucro líquido 9% maior no quarto trimestre de 2019, de R$ 3,7 bilhões.
Uma explicação, segundo analistas, é que o mercado está mais atento a outros números do balanço, como o crescimento da receita com serviços — um dos fatores de pressão com a ascensão de bancos digitais e fintechs que zeraram as taxas para transferências eletrônicas e anuidade do cartão de crédito.
Mas para o ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Luis Troster, a concorrência com as startups financeiras, que se multiplicaram nos últimos tempos, não chega a ser uma ameaça.
Ele acredita que o mercado está reduzindo o preço das ações, mas a melhora da economia permite prever um aumento da rentabilidade, como o custo de captação mais baixo, a expansão do crédito e a queda da inadimplência.
O aumento da alíquota do CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) sobre os bancos, de 15% para 20% é apontado como uma das causas de pressão da margem dos bancos. “Pesou um pouco, mas os outros fatores são favoráveis”, diz Troster.
A queda das ações do Itaú Unibanco e do Bradesco veio mais forte após o Bank of America ter rebaixado a recomendação de compra de suas ações para “abaixo da média do mercado” (outperform) e “neutro”.
Mas não existe um consenso sobre o rumo dos papéis do setor bancário. O Credit Suisse soltou um relatório no final deste mês defendendo que as ações dos quatro maiores bancos têm potencial para subir 32%.
Em outro estudo, o banco UBS concluiu que a melhora gradual da economia trará benefícios aos grandes bancos. Para cada meio ponto percentual de alta no PIB em 2020, isso aumentaria, em média, 1,1% as receitas dos bancos, considerando só as operações de crédito.
Segundo analistas do mercado, entre os motivos que estão pesando na queda das ações dos bancos estão:
- A queda da taxa de juros para 4,5% ao ano (Selic);
- Aumento da alíquota da CSLL de 15% para 20%;
- Limite de 8% ao mês do cheque especial;
- Concorrência crescente com as fintechs e bancos digitais;