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BDRs no topo, Tesouro em baixa: os melhores e piores investimentos de janeiro

Veja a lista completa de rentabilidade no primeiro mês de 2021.

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O Índice de BDRs Não Patrocinados-Global (BDRX) foi destaque de alta em janeiro dentro de uma lista dos principais tipos de investimentos e ativos. Criado para medir o desempenho dos recibos de ações do exterior negociados na B3, o indicador avançou 6,1% no primeiro mês do ano, superando os índices de inflação.

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O BDRX leva em conta o desempenho médio de 128 BDRs da carteira entre janeiro e abril, entre os quais Amazon (AMZO34), Coca-Cola (COCA34) e Facebook (FBOK34),. Vale lembrar que a cotação do dólar frente ao real também influencia os preços dos ativos, já que eles são convertidos para a moeda local. A moeda americana avançou 5,46% em janeiro, negociada em R$ 5,47, aparecendo no topo da lista de janeiro (veja abaixo).

Ações brasileiras na ‘lanterna’

A performance dos BDRs contrasta com o mau desempenho dos ativos de renda variável listados na bolsa brasileira: o Ibovespa, referência acionária no Brasil, recuou 3,3% no mês passado, após ter renovado seu recorde histórico e tocado nos 125 mil pontos no dia 8. Seus índices setoriais também entregaram perdas ao investidor. O IMOB, que reúne ações de empresas do setor de construção, amargou a pior queda, de 7,02% em janeiro.

A volatilidade tomou conta dos mercados no fim do mês, diante de dúvidas sobre o ritmo e capacidade de distribuição das vacinas contra a covid-19 no Brasil e de notícias sobre a nova cepa da doença identificada no país, que segundo estudos seria mais contagiosa e letal. Dúvidas sobre a prorrogação do auxílio emergencial e o cumprimento do teto de gastos também não tiveram desfecho, deixando as respostas para fevereiro.

Inflação inspirou cautela

Os índices de inflação continuaram no centro das atenções no primeiro mês do ano, desta vez não só pela alta dos alimentos, mas também devido ao avanço nos preços da gasolina e do diesel, puxado pela valorização do petróleo. O combustível é um importante componente dos preços ao consumidor.

Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), mais usado no reajuste de contratos de aluguel, avançou 2,58% no mês, acumulando alta de 25,71% em 12 meses. Já a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 1,62% em janeiro, segundo projeção da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Tesouro Direto: troca de papéis

Na renda fixa, o desempenho dos títulos públicos medido pelo IMA-Geral ficou negativo em 0,24%, prejudicados principalmente pelo mau desempenho dos papéis atrelados à inflação (Tesouro IPCA+). Eles sofreram o efeito da “marcação a mercado”, que castigou alguns investimentos em renda fixa após o Banco Central ter retirado o forward guidance no último comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária).

Em outras palavras, o BC surpreendeu ao abandonar, antes do esperado, o compromisso de não subir a taxa básica de juros (hoje em 2% ao ano), abrindo caminho para um aumento gradual da Selic em suas próximas reuniões de março ou maio, tendo como principais catalisadores o comportamento da inflação (se ela acelerar, pode justificar uma alta) e uma eventual piora no quadro fiscal.

Mas um agravante para os papéis atrelados à inflação foi a incerteza acompanhada do comunicado do BC, uma vez que a decisão não teria sido unânime entre os membros do Copom, o que também afetou a curva de juros no final do mês.

Até recentemente, em reuniões ou entrevistas, o Banco Central se limitava a dizer que sua comunicação de política monetária era feita pelos canais oficiais, ou seja, a ata e o comunicado do Copom. Agora, tal comunicação parece dispersa, feita em diversas lives com o mercado financeiro e cada membro do BC destilando visões diferentes aos investidores”, observou o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, em relatório.

Para se ter uma ideia do efeito negativo sobre os títulos de inflação, o papel mais longo do Tesouro IPCA+ (com vencimento em 2045) fechou o mês de janeiro com desvalorização de 5,84%. Os títulos prefixados (aqueles que pagam uma taxa combinada no momento da compra) também sofreram. O mais longo, com prazo em 2031, recuou 3,71% no período, já que a procura por este tipo de papel fica menor quando há expectativa de juros mais altos.

Apenas o Tesouro Selic conseguiu fechar janeiro no positivo, dentre as opções do Tesouro Direto: o índice IMA-S, que mede seu desempenho, avançou 0,22% no mês, deixando para trás o histórico de perdas visto no final do ano passado.

Veja abaixo o desempenho dos principais investimentos no mês de janeiro:

ATIVO/ÍNDICECATEGORIAJANEIRO 2021
BDRX (Índice de BDRs)Renda variável6,11%
Dólar/realRenda variável5,46%
IGP-M (índice do aluguel)Inflação2,58%
OuroRenda variável2,33%
IPCA (estimativa)***Inflação1,62%
Fundos de renda fixa investimento no exterior**Renda fixa1,31%
Fundos de ações investimento no exterior**Renda variável1,01%
Fundos imobiliários (IFIX)Renda variável0,32%
Tesouro Selic (IMA-S)*Renda Fixa0,22%
CDIIndexador0,15%
Fundos multimercados (livre)**Renda variável0,13%
PoupançaRenda fixa0,12%
Fundos de renda fixa simples**Renda fixa0,11%
Fundos de ações (livre)**Renda variável-0,16%
Títulos públicos (IMA-Geral)*Renda fixa-0,24%
Fundos de renda fixa indexados**Renda fixa-0,84%
Tesouro IPCA+ (IMA-B)*Renda fixa-0,85%
Títulos prefixados (LTNs – IRF-M)*Renda fixa-0,80%
Ações de varejo (ICON)Renda variável-1,28%
IbovespaRenda variável-3,32%
Small Caps (SMLL)Renda variável-3,43%
Índice de dividendos (IDIV)Renda variável-5,07%
Setor imobiliário (IMOB)Renda variável-7,02%

**Até 26/01, último dado disponibilizado pela Anbima

*** Projeção Anbima

Fonte: B3, Anbima e Banco Central

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