Finanças
Bolsa fecha nos 107 mil pontos com blue chips e otimismo por vacinas; dólar sobe
Ação do Carrefour despenca 5,35% repercutindo morte de João Alberto
Dia de otimismo a nível global, a notícia de que a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca alcançou até 90% de resultados positivos nos seus testes animou os mercados. Depois do sucesso da Pfizer e a Moderna, a AstraZeneca reforça a ideia de que o coronavírus está perto de ser controlado. Repercutindo este otimismo, o Ibovespa fechou em alta de 1,26% aos 107.378 pontos nesta segunda-feira (23).
Nos Estados Unidos, os investidores reagiram positivamente a notícia da vacina além dos dados animadores para a economia americana, com bons resultados nos PMIS de serviços, industrial e composto. O índice Dow Jones avançou 1,12% mostrando que setores cíclicos da economia se recuperam com a vacina. E o S&P 500 e Nasdaq subiram 0,61% e 0,22%, respectivamente.
As bolsas europeias fecharam sem direção única, a vacina da AstraZeneca animou os mercados mas o otimismo foi ofuscado com o índice dos gerentes de compras (PMI) composto da zona do euro, que caiu ao menor nível em seis meses diante da segunda onda de covid-19 no continente. A única bolsa a fechar em alta foi a de Madri que subiu 0,04%, a 7.981,20 pontos.
No mercado doméstico, as blue chips puxaram a alta do Ibovespa. Foi um dia de ganhos para Vale, Petrobras e o setor de siderurgia, companhias da velha economia que se destacam na retomada. As ações da Vale (VALE3) fecharam em alta de 4,16% e Petrobras (PETR4) valorizou 6,13%.
Ainda no cenário macroeconômico Paulo Guedes, ministro da Economia, afirmou que a dívida brasileira não está em uma situação dramática e que a inclinação da curva de juros é natural diante dos questionamentos sobre o futuro das contas públicas.
Guedes também reforçou que o auxílio emergencial deve acabar em dezembro. E afirmou que o Tesouro tem como enfrentar a dívida de R$ 600 bilhões no começo de 2021. Segundo ele, a metade da dívida já está garantida -em referência a 200 bilhões de reais de transferências de resultados do Banco Central para o Tesouro e “100 bilhões e pouco” vindos com a desalavancagem de bancos públicos.
Apesar de reforçar seu compromisso com a agenda liberal, o mercado sentiu insegurança nas falas do ministro. Por este motivo, o dólar e os juros permaneceram em alta.
O dólar comercial fechou em alta de 0,88%, cotado a R$ 5,433. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,45.
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Destaques da Bolsa
Entre os destaques positivos do dia subiram ações impactadas diretamente pela retomada econômica. A maior alta foi da Petrorio (PRIO3) que avançou 7,64%, seguida da CSN (CSNA3) que valorizou 6,80% e Petrobras (PETR4) com alta de 6,13%.
“Petrobras e Petrorio seguem se beneficiando de uma maior expectativa pela demanda de petróleo diante da retomada econômica pós vacinas”, avalia Murilo Breder, analista da Easynvest.
O petróleo internacional também fechou em alta. O WTI para janeiro subiu 1,04%, cotado a US$ 42,86 o barril. Enquanto o Brent para fevereiro fechou em alta de 1,58%, cotado em US$ 45,78 o barril.
No lado oposto do Ibovespa, a maior queda foi do Carrefour (CRFB3) que fechou em baixa de 5,35%, cotado a R$ 19,30. O mercado penalizou as ações da companhia após a morte de João Alberto Silveira Freitas e vários protestos durante o final de semana. A reação foi um pouco tardia, na sexta-feira (20) os papéis do Carrefour fecharam em alta de 0,49% enquanto o Ibovespa recuou, fator que fez o mercado se questionar sobre a realidade ESG (Environmental, Social and Governance) nos investimentos.
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Caíram também o Pão de Açúcar (PCAR3) e a Cielo (CIEL3) com desvalorização de 3,97% e 3,33%, respectivamente.
Bolsas americanas
Os mercados de ações dos Estados Unidos fecharam em alta ao fim da volátil sessão desta segunda-feira, uma vez que esperanças de uma vacina para a Covid-19 impulsionaram setores economicamente sensíveis, como energia e industrial, mas uma retração nas ações de megacap restringiu os ganhos no S&P 500 e no Nasdaq.
Setores cíclicos lideraram os ganhos, com energia bem à frente, am alta de 6%, enquanto os índices para os segmentos industrial e financeiro subiram mais de 1% cada, após dados mostrarem que a atividade empresarial expandiu-se no ritmo mais rápido em mais de cinco anos.
Dow Jones subiu 1,12%, para 29.554,96 pontos, o S&P 500 ganhou 0,61%, para 3.573,21 pontos, e o Nasdaq Composite teve alta de 0,22%, para 11.867,92 pontos.
Os principais índices receberam um impulso no fim da sessão depois de o Wall Street Journal informar que o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, planeja nomear a ex-chair do Federal Reserve Janet Yellen para ser a próxima secretária do Tesouro.
Boletim Focus
Os economistas do mercado financeiro elevaram pela 15ª semana consecutiva a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o indicador oficial de preços – em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 23, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 3,25% para 3,45%. Há um mês, estava em 2,99%.
- Produto Interno Bruto (PIB): a expectativa para a economia este ano passou de retração de 4,66% para queda de 4,55%;
- Selic (a taxa básica da economia): a mediana das previsões para a Selic neste ano seguiu em 2,00% ao ano;
- Câmbio: expectativa para o câmbio no fim do ano foi de R$ 5,41 para R$ 5,38, ante R$ 5,40 de um mês atrás;
Bolsas na Europa
As bolsas da Europa fecharam sem direção única nesta segunda-feira (23), alternando leves baixas e altas, em dia marcado pela esperança de que uma vacina contra o novo coronavírus seja distribuída em breve. Antes da abertura do pregão, a britânica AstraZeneca divulgou resultados de eficácia de seu imunizante produzido em conjunto com a Universidade de Oxford. A notícia, porém, foi parcialmente ofuscada pelo índice dos gerentes de compras (PMI) composto da zona do euro, que caiu ao menor nível em seis meses diante da segunda onda de covid-19 no continente.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com variação negativa de 0,20%, a 388,84 pontos. O grupo industrial alemão Thyssenkrupp teve o papel de melhor desempenho desta segunda-feira, em alta de 9,51%.
Com a esperança de que uma vacina seja aprovada em breve, o setores de aviação e turismo também deram fôlego ao índice. A Rolls Royce Holdings e a alemã TUI subiram 7,60% e 7,85%, respectivamente.
Otimistas desde a última sexta-feira com as notícias envolvendo vacinas contra a covid-19, os mercados europeus se animaram nesta segunda-feira com a divulgação dos resultados feita pela AstraZeneca. De acordo com a farmacêutica, seu imunizante teve taxa média de eficácia de 70%, chegando a 90% em alguns casos.
Apesar de ter taxas menos eficazes do que as de Pfizer e Moderna, por exemplo, a vacina da AstraZeneca pode ser armazenada em geladeiras – e não em super-refrigeradores, como as concorrentes. Peter Horby, professor de saúde global de Oxford, destacou à Reuters que isso significa que é uma solução mais prática para uso em todo o mundo.
A divulgação, porém, não foi suficiente para impulsionar as ações da AstraZeneca, e o papel da empresa fechou as negociações em baixa de 3,81% na Bolsa de Londres. O índice FTSE 100 teve leve perda de 0,28%, 6.333,84 pontos.
O ânimo dos mercados com a perspectiva de aprovação de uma vacina foi em boa parte minado pelos resultados do PMI da zona do euro de novembro. Segundo o IHS Market, o indicador baixou de 50 pontos em outubro a 45,1 neste mês, em seu menor nível dos últimos seis meses. A projeção de analistas ouvidos pelo Wall Street Journal era de queda menor, a 47,1. Índices abaixo de 50 indicam retração na atividade.
A principal causa da forte queda do indicador foi o setor de serviços, pressionado pela segunda onda de covid-19 na Europa. Assustados com a possibilidade de novas restrições, que significam mais freios à atividade econômica, a maior parte das principais bolsas da Europa terminou o dia em baixa.
O alemão DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 0,08%, a 13.126,97, enquanto o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve variação negativa de 0,07%, aos 5.492,15 pontos, ambos nas mínimas do dia.
No mercado francês, a ação da Danone recuou 3,16%, após a gigante do setor da alimentação anunciar corte 2 mil empregos, o equivalente a 2% de sua força de trabalho.
O FTSE MIB, de Milão, fechou próximo à estabilidade, em queda de 0,02%, a 21.701,79, no menor nível do pregão.
O espanhol IBEX 35 subiu 0,04%, a 7.981,20 pontos.
O índice PSI 20, da Bolsa de Lisboa, foi o único entre os principais índices a fechar em alta substancial, com variação de 0,57%, a 4.449,39 pontos.