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Finanças

Braskem nega possível negociação com Apollo, mas por que a ação subiu de novo?

No acumulado da semana até agora, o papel registra ganhos de 37,18%.

Depois da valorização de 20% na última terça-feira (11), as ações preferenciais da petroquímica Braskem (BRKM5) voltaram a subir forte e terminaram a quinta-feira (13) em alta de 11,97% à frente das maiores valorizações do principal indicador da B3, o Ibovespa. No acumulado da semana até agora, o papel registra ganhos de 37,18%.

A alta ocorre na esteira da notícia de que a gestora norte-americana Apollo teria elevado a proposta de aquisição da companhia para R$ 47 por ação, segundo coluna do Lauro Jardim, do jornal “O Globo”. A quantia seria 25% superior aos R$ 44,57 oferecidos em abril pela mesma gestora.

Braskem
Instalações da Braskem em Maceió (AL) 30/01/2020 REUTERS/Amanda Perobelli

Entretanto, na véspera, a Braskem negou a possível oferta por meio de nota enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em comunicado, a empresa afirmou que “não conduz eventuais negociações” e que solicitou aos acionistas Novonor (antiga Odebrecht) e Petrobras (PETR3, PETR4) que detêm, respectivamente, 38,32% e 36,14% do capital social da Braskem, esclarecimentos sobre a possível proposta.

A Novonor escreveu que “até o presente momento não houve evolução material em qualquer alternativa relacionada ao processo de alienação de sua participação acionária na Braskem”.

Já a estatal afirmou que “não tem nenhuma informação que ainda não tenha sido divulgada ao mercado”.

Por que a ação continuou subindo?

Murilo Breder, analista de investimentos da NuInvest, explica que o mercado está tentando corrigir o preço da ação. “Em tese, ainda há espaço para valorização porque, se de fato virar algo concreto, o preço da ação vai tentar se ajustar ao preço da proposta (feita pela gestora Apollo)”.

O especialista orienta, porém, que o investidor não foque no ganho momentâneo do papel. “Se for entrar na ação, entre sabendo dos fundamentos da empresa e com visão de longo prazo”.

Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial, explica ainda que a ação da Braskem tem se desvalorizado desde a primeira proposta feita pela Apollo, mas que o prêmio de agora é bastante superior.

Na ocasião, a gestora teria oferecido R$ 44,57 por ação. Para efeito de comparação, o valor representava um prêmio de 3% em relação ao preço do papel da petroquímica na época. Enquanto a nova oferta, representa uma quantia adicional de 40% em relação ao pregão da última terça-feira (11), quando a notícia foi veiculada.

“O mercado está vendo que independentemente de uma oferta ou não, provavelmente existe uma margem maior de segurança para investir no papel”, afirmou Daltozo. Além disso, reiterou o especialista, a própria especulação, mesmo que não concretizada, contribuiu para atrair mais investidores para a ação e consequentemente para elevar a cotação.

Será que vai ter venda?

Em relatório, a Levante Investimentos reiterou que tanto Petrobras como Novonor já demonstraram interesse em encerrar suas participações na empresa. Enquanto a Novonor tem necessidade de gerar recursos para liquidar dívidas, a Petrobras tem uma visão de falta de posicionamento da petroquímica em sua estratégia operacional.

“No entanto, com a queda abrupta do valor de mercado da companhia, aproximadamente 40% no ano, as corporações não encontram um cenário positivo para a venda de suas participações. Com uma oferta de R$ 47 por ação, o valor seria aproximadamente 22% inferior apenas ao seu máximo histórico atingido em setembro de 2021, em um cenário de spreads petroquímicos altamente favoráveis para a companhia”, escreveu a Levante.

Na visão da casa, a Novonor poderá levar em consideração essa proposta de fato e, dada a proteção aos acionistas minoritários – tag along -, o preço seria replicado para todos os acionistas da empresa.

“Ainda assim, apesar de positiva para suas ações, acreditamos que as negociações de uma transação dessa magnitude, e com diversos stakeholders, deve se estender por meses, e ainda depender de um parecer favorável realizado na due diligence”.

A Levante reiterou ainda que a um preço de R$ 47 por ação, e considerando que a Novonor, que está em recuperação judicial, coloca as suas ações em garantia para quitações da sua dívida com os grandes bancos, a avaliação da participação da controladora corresponderia a aproximadamente R$ 14,3 bilhões dos R$ 37,5 bilhões – da avaliação total do negócio -, valor praticamente igual ao estimado de dívida da Novonor hoje com os bancos.

“Vale lembrar que, com a incidência de descontos tributários, o valor deverá ser abatido consideravelmente, o que pode fazer com que a proposta não seja o suficiente para
a companhia”, disse a Levante.

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