A Diageo, gigante britânica do setor de bebidas, está revisando seu portfólio, e pretende vender a divisão da Guinness e sua participação em uma parceria de champanhes e conhaques com o grupo francês de marcas de luxo LVMH. A iniciativa é liderada pela CEO Debra Crew, que enfrenta pressão para reverter o desempenho da companhia após uma série de desafios.
Entre as possibilidades em análise estão a venda ou desmembramento da marca Guinness, que pode ser avaliada em mais de US$ 10 bilhões, de acordo com fontes próximas ao assunto. Caso avance, a Diageo poderá optar por um processo dual, considerando tanto uma oferta pública quanto o interesse de potenciais compradores.
Além disso, a participação de 34% da Diageo na divisão de bebidas da LVMH, a Moet Hennessy, também está sendo avaliada. Segundo o acordo entre as empresas, a LVMH teria prioridade para comprar essa fatia com desconto de 20% em relação ao valor de mercado. No entanto, a decisão final ainda não foi tomada.
Mercado reage positivamente, mas desafios persistem
As ações da Diageo registraram alta de até 6,8% na sexta-feira, maior avanço em mais de quatro anos. Essa recuperação ocorre após um período de queda, impulsionado por um enfraquecimento nas vendas na China e nos Estados Unidos, além de um acúmulo inesperado de estoques no México e no Brasil.
A expectativa dos investidores é de que a CEO Debra Crew ajuste as metas de crescimento da empresa ao divulgar os resultados financeiros em 4 de fevereiro. Analistas acreditam que as metas de crescimento anual de 5% a 7%, estabelecidas em 2021, possam ser revistas para refletir um cenário mais realista.
Impactos no portfólio e na gestão
A Diageo já está em processo de venda da marca de vodca Ciroc, e outras marcas de baixo desempenho também podem ser alienadas. No entanto, possíveis mudanças mais significativas no portfólio, como a venda da Guinness ou a expansão na Moet Hennessy, podem exigir capital adicional ou reestruturação.
Com uma dívida de US$ 21,5 bilhões, o CFO Nik Jhangiani, recém-chegado da Coca-Cola Europacific Partners, está focado em reduzir custos e priorizar crescimento e rentabilidade. Ao mesmo tempo, a empresa enfrenta desafios do mercado, como o impacto do aumento das taxas de juros e a crescente conscientização sobre os riscos associados ao consumo de álcool.
Cenário global e perspectivas
A Diageo não é a única a enfrentar ventos contrários no setor. Concorrentes como Pernod Ricard e Remy Cointreau também registraram quedas nas vendas após o fim do boom de consumo impulsionado pela pandemia. Ainda assim, a empresa tem mostrado resiliência em algumas áreas, com destaque para as vendas do uísque Crown Royal e do tequila Don Julio.
Com a entrada de John Manzoni como novo presidente do conselho no próximo mês, o mercado espera sinais mais claros de como a Diageo planeja lidar com suas dívidas, retomar o crescimento e explorar oportunidades estratégicas em um setor cada vez mais competitivo.