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O que esperar para o mercado com o avanço da covid-19 na China?

Um dos receios é a possível quebra da cadeia produtiva; especialistas indicam cautela ao investidor.

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Nos últimos dias, houve um salto acentuado no número de casos de covid-19 na China. Na terça-feira (15), a Comissão Nacional de Saúde confirmou que 3.507 pessoas tinham testado positivo para a doença, com mais de o dobro do número de casos em relação ao dia anterior, que era de 1.337. Desde então, as informações têm influenciado nas expectativas e no desempenho dos mercados ao redor do mundo.

A grande preocupação do mercado é sobre novas restrições ao funcionamento de diversas atividades, a exemplo do que já acontece em Shenzhen, o Vale do Silício da China, onde já foi decretado lockdown. Segundo o JPMorgan, porém, alerta que lockdowns na região de Xangai podem ser mais críticos.

Uma das principais preocupações é que paralisação das atividades na China ou em outros países poderia causar uma nova quebra na cadeia produtiva – ou seja, a oferta de matérias-primas e produtos ficaria desorganizada, desajustando a distribuição global e podendo causar novo foco de inflação em diversos países.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, comenta que, com o aumento de registros de covid-19 na China, o cenário de retomada das economias “pode mudar caso esse crescimento do número de casos [da doença] venha acompanhado de novas medidas de restrições mundo afora, o que poderia ocasionar novamente uma quebra da cadeia produtiva, assim como um eventual choque de demanda, face uma inflação crescente e uma política econômica global de aperto monetário (alta de juros)”.

Se essa possibilidade se confirmar, ele explica que no mercado de capitais é possível “ter um novo ajuste para baixo em relação aos ativos listados em bolsa, muito por conta do excesso de liquidez e da alavancagem deixada pelo bull market (mercado em alta) recente, que obrigaria boa parte dos investidores a zerar suas posições”. 

Como os investidores podem se proteger? 

Especialistas ouvidos pelo InvestNews aconselham que o investidor tenha cautela neste momento, e que acompanhe com atenção as notícias sobre a covid-19 na China antes de tomar decisões para sua carteira.

Para Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, o investidor pode se proteger comprando ações ligadas a commodities, porque provavelmente essa categoria de ativos acabará sendo menos impactada. “E, obviamente, fugindo da exposição de produtos do varejo, empresas que importam muito da China”, complementa.

Do ponto de vista de Alves, “a melhor forma do investidor brasileiro se proteger é reforçando sua posição em caixa”, ou seja, “reduzindo o tamanho da sua carteira de modo geral”.

Ele acrescenta que uma possibilidade é “comprar hedges tradicionais, como ouro e dólar, ou, para quem tiver o perfil mais arrojado, alocar parte em venda de BOVA11 (EFT que acompanha o Ibovespa) através de operações estruturadas”. 

Já para Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, “numa forte onda de coronavírus, veremos o que já estamos vendo”, ou seja, “pessoal migrando para a renda fixa“. Ele ainda acrescenta que “o Copom subiu os juros mais uma vez e avisou que subirá novamente na próxima reunião. Então, temos tudo para ter uma Selic, em breve, na casa de 12,75%, o que deixa a renda fixa muito atrativa”.

Já Alves, da Ação Brasil Investimentos, pondera que “muitas vezes ‘não fazer nada’ também é se posicionar, em especial quando se compra bons ativos a bons preços”. “A curto prazo, normalmente, assusta, só que os fundamentos da economia e das empresas tendem a se provarem ao longo do tempo, e é a isso que investidor deve ficar atento, evitando assim ficar refém dos ruídos de mercado”, acrescenta.

Cenário

Para padrões globais, a atual quantidade de pessoas com teste positivo da doença no país ainda é considerada pequena. Conforme aponta a Reuters, especialistas locais em saúde disseram que só o aumento de infecções diárias deverá determinar se a abordagem de “tolerância zero” (que exige que as infecções sejam rapidamente identificadas e contidas) será tomada.

Por outro lado, as últimas atualizações são de que o presidente chinês, Xi Jinping, disse nesta quinta-feira (17) que o país deve tomar medidas mais eficazes contra a covid-19 e minimizar o impacto da epidemia sobre o desenvolvimento econômico e social, de acordo com a televisão estatal.

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